Havia uma mulher em Nisa que era parteira, e foi-lhe bater à porta, fora de
horas, um homem. Ela levantou-se e veio à rua, onde estava o mesmo indivíduo à
espera, o qual era desconhecido dela. Acompanhou o homem para fora da vila e ia
muito assustada, porém não dizia nada. Chegaram a um sítio, onde estava um
penedo com uma abertura à maneira de uma janela. Ele disse para a mulher:
— Entre.
A parteira entrou e viu uma mulher, que estava muito aflita, para ter uma criança. A parteira arranjou a mulher e arranjou a criança e depois perguntou se queriam que ela fizesse alguma coisa. Ela disse que não e pegou numa pá de carvão e encheu-lhe a abada. Foi acompanhá-la até à porta. A mulher, como não fez caso do carvão, foi deixando este pelo caminho a pouco e pouco, ficando-lhe no avental apenas, por acaso, uns três ou quatro bagos.
Despediu-se do homem e foi-se deitar. Ao despir-se, aqueles bagos caíram no chão, sem ela dar por isso. De manhã, quando se levantou, viu que os carvões se tinham transformado em peças de ouro. Ficou muito desgostosa de não ter trazido tudo, e voltou fora a ver se achava mais peças. Porém, não achou nada.
— Entre.
A parteira entrou e viu uma mulher, que estava muito aflita, para ter uma criança. A parteira arranjou a mulher e arranjou a criança e depois perguntou se queriam que ela fizesse alguma coisa. Ela disse que não e pegou numa pá de carvão e encheu-lhe a abada. Foi acompanhá-la até à porta. A mulher, como não fez caso do carvão, foi deixando este pelo caminho a pouco e pouco, ficando-lhe no avental apenas, por acaso, uns três ou quatro bagos.
Despediu-se do homem e foi-se deitar. Ao despir-se, aqueles bagos caíram no chão, sem ela dar por isso. De manhã, quando se levantou, viu que os carvões se tinham transformado em peças de ouro. Ficou muito desgostosa de não ter trazido tudo, e voltou fora a ver se achava mais peças. Porém, não achou nada.
O homem era um moiro e a mulher que estava de parto era moira.
Fonte: José Leite de Vasconcellos, Contos Populares e Lendas II Coimbra, por ordem da
universidade, 1966, p. 744-745
Foto: http://obviousmag.org/archives/uploads/2009/09120403_obvious.pt_rochedo.jpgBom Dia Alentejo!