Em tempos que já lá vão, em vésperas da manhã de S.
João, chegou à porta duma mulher, que morava perto da Cova da Moura, um homem
que lhe pediu pousada.
Como a mulher lha cedesse, depois de cear, pendurou o
bornal que trazia numa estaca de madeira na parede interior da chaminé, foi
deitar-se, e logo adormeceu.
O mesmo não sucedeu à dona da casa que, cheia de
curiosidade, logo que a ocasião lho permitiu, levantou-se e foi abrir o bornal.
Como nele estavam três bolos, quis prová-los, cortou um, tendo o cuidado de o
pôr sob os outros. À madrugada o cavaleiro levantou-se, pegou no bornal, e
dirigiu-se à Cova da Moura onde estavam três irmãs encantadas.
À primeira deu-lhe um bolo que se transformou num
cavalo, que partiu a galope levando-a para a Mourama.
À segunda aconteceu o mesmo que à primeira, e à
terceira, cheio de surpresa, deu-lhe o bolo partido que se transformou num
cavalo coxo que a não pode levar com rapidez antes do sol nascer para junto das
irmãs, e por isso ali ficou eternamente encantada, esperando em cada manhã de
S. João o cavaleiro que nunca mais apareceu!...
Fonte: TRANSMONTANO, Maria Tavares Transmontano, Subsídios para a Monografia do Porto da Espada Viseu,
Junta Distrital de Portalegre, 1979 , p. 25