Era chamado sorteamento ao dia em que os rapazes iam à
inspecção médica, para prestar serviço militar, e que se realizava no mês de
Junho, no edifício dos Paços do Concelho do Crato.
Os rapazes tinham esse dia como de festa, tanto assim
que, durante oito dias havia baile todas as noites, e sempre abrilhantado por um
acordeonista, sendo o “Botas” de Alferrarede o mais contratado para essas
festas.
Acontecia que os rapazes das sortes do ano seguinte,
faziam com um adiantamento o contrato com o “Botas” para a sua festa. O tocador
vinha na segunda-feira, e nesse dia já havia baile, assim os dias até domingo
eram cheios, acabando sempre com um baile à noite.
Terça-feira iam ao Crato tirar a guia, regressando só
depois do almoço. Quarta-feira iam para a ribeira, lavavam-se e faziam um
petisco. Depois o regresso à terra, com muita alegria pelas ruas, tocando as
pandeiretas a acompanhar o acordeonista, e a dar vivas ao “Botas” e à rapaziada
das sortes desse ano.
Quarta-feira, dia da inspecção; todos os rapazes iam
vestidos de “ponto em branco”, quero dizer, que o que levavam vestido e
calçado, era tudo novo, verdadeiro dia de festa. Depois do tradicional almoço
prolongado no José d`Adega, vinham fazer o resto da festa desse dia à terra.
Sexta-feira, era o grande petisco das sortes, o qual
se fazia sempre na ribeira por terem a água à mão para lavar a louça. Matavam
uma cabeça de gado, e ali banqueteavam passando o dia à sua maneira, e à tarde vinham
de regresso, com muito barulho, mas nunca faltando o toque do acordeão. Nos
últimos dois dias de festa das sortes, sábado e domingo, só havia baile à
noite.
Há ainda a acrescentar que os rapazes das sortes não passavam nenhum dia sem dar a volta às ruas com o acordeonista e tocando as suas pandeiretas, sendo da prache entrarem nas tabernas para beberem uns copos.
No dia da inspecção os rapazes compravam no Crato
fitas de seda para a lapela, para se saber quem tinha ficado apurado ou livre.
A designação das cores das fitas era assim: para os apurados uma fita vermelha
e uma verde, para os livres, uma branca e uma amarela.
Foto: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=206782769335948&set=o.184521331583622&type=3&theater
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Fonte:
Lia “A Nossa Terra, João
Guerreiro da Purificação, Associação de Amizade e Terceira Idade, Aldeia da
Mata, 2000”
Bom Dia Alentejo!