segunda-feira, 12 de maio de 2014

Bom Dia Alentejo, terras de Alter do Chão, a Lenda dos Doze Notáveis, a lei ela que se queria cumprir

 
D. Afonso III (séc. XIII), após a reconquista cristã, concedeu um foral a esta povoação para animar os homens livres que fugiam das exigências e vexames das terras do Norte a fixarem-se ali, com estatuto de senhorio colectivo. O filho D. Dinis, concedeu novo foral, no qual dava aos moradores as garantias dos homens de Santarém. Entre outros direitos, os moradores de Alter tinham o de não ser vexados com a odiosa pousadoria. Só o rei e o seu séquito podiam, quando viajavam, instalar-se dentro da vila.
 

A história na sua simplicidade brutal é a seguinte: Um fidalgo de velha linhagem, Martim Esteves de Moles, ia de viagem e quis apousentar-se na vila. Os homens do concelho, que eram os lavradores mais respeitáveis (mais "honrados", dizia-se na época), entenderam que não tinha esse direito, e recusaram-lhe a guarida que ele pedia.
Martim Esteves sentiu-se afrontado na sua honra fidalga: quem julgavam aqueles campónios que eram para assim ousarem resistir a uma ordem sua? Apresentou a sua indignada queixa ao rei. O monarca era então D. Afonso IV, justo e bravio. Deve ter mandado ver nos livros de que lado estava o direito, e a resposta veio clara e definitiva: os de Alter tinham razão e limitaram-se a exercer o direito que o foral lhes concedia. O fidalgo não entendia subtilezas destas. O seu direito era outro. Reuniu os irmãos, cada um arrebanhou os homens de armas que pôde, voltou a Alter e "matou os doze melhores homens de armas que aí havia".
Os melhores significa os de mais alta condição. Eram os lavradores mais antigos, os responsáveis pela administração municipal, e que ele podia com razão presumir serem os mesmos que se tinham oposto à sua entrada na povoação.
 Bom Dia Alentejo!