D. Afonso III (séc.
XIII), após a reconquista cristã, concedeu um foral a esta povoação para animar
os homens livres que fugiam das exigências e vexames das terras do Norte a
fixarem-se ali, com estatuto de senhorio colectivo. O filho D. Dinis, concedeu
novo foral, no qual dava aos moradores as garantias dos homens de Santarém.
Entre outros direitos, os moradores de Alter tinham o de não ser vexados com a
odiosa pousadoria. Só o rei e o seu séquito podiam, quando viajavam,
instalar-se dentro da vila.
A história na sua
simplicidade brutal é a seguinte: Um fidalgo de velha linhagem, Martim Esteves
de Moles, ia de viagem e quis apousentar-se na vila. Os homens do concelho, que
eram os lavradores mais respeitáveis (mais "honrados", dizia-se na
época), entenderam que não tinha esse direito, e recusaram-lhe a guarida que
ele pedia.
Martim Esteves
sentiu-se afrontado na sua honra fidalga: quem julgavam aqueles campónios que
eram para assim ousarem resistir a uma ordem sua? Apresentou a sua indignada
queixa ao rei. O monarca era então D. Afonso IV, justo e bravio. Deve ter
mandado ver nos livros de que lado estava o direito, e a resposta veio clara e
definitiva: os de Alter tinham razão e limitaram-se a exercer o direito que o
foral lhes concedia. O fidalgo não entendia subtilezas destas. O seu direito
era outro. Reuniu os irmãos, cada um arrebanhou os homens de armas que pôde,
voltou a Alter e "matou os doze melhores homens de armas que aí
havia".
Os melhores significa
os de mais alta condição. Eram os lavradores mais antigos, os responsáveis pela
administração municipal, e que ele podia com razão presumir serem os mesmos que
se tinham oposto à sua entrada na povoação.
Foto:
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