sábado, 28 de março de 2015

Bom Dia Alentejo, Alter do Chão, Topónimo de Alter do Chão, a uma bandeja lhe vai

 
A respeito desta vila e sede de concelho do distrito de Portalegre, em Abril de 1935 apareceram anónimas as seguintes referências:
“E assim surgiu das ruínas da velha Abeltéria a vila de ALTER DO CHÃO, cujo nome dizem ser corrupção da antiga cidade romana. Porém, como desta surgiram duas vilas – ALTER DO CHÃO e Alter Pedroso – é mais provável que o nome ALTER venha do adjectivo alter, que significa um de dois ou uma de duas partes, pois que ALTER DO CHÃO é uma das duas partes da cidade Abeltéria, sendo a outra parte Alter Pedroso, hoje pequena povoação, anexa a ALTER DO CHÃO, donde dista três quilómetros.
DO CHÃO é a tradução portuguesa da palavra latina planus, porque desde remota data se chamou ALTER PLANUS a esta parte mais plana da velha cidade, em oposição à outra parte, que, por ser mais alta e pedregosa, se chamou Alter Petrosus, Alter Pedroso”.


A segunda parte destas referências foi criteriosamente contestada pelo Dr. Artur Bivar, que se manifestou:
“Esta etimologia (a que faz filiar o topónimo Alter no adjectivo latino alter) não tem probabilidade nenhuma. Históricamente, não, porque, se a cidade esteve em ruínas desde a destruição no tempo do imperador Adriano até D. Afonso II a mandar reedificar e povoar, ficando então as duas povoações, era latim de mais aquele incorrupto Alter no século XIII.
Nesse tempo, já o alter latino nos tinha dado foneticamente o nosso outro, como em francês autre e em italiano altro. E só ali é que teria ficado fixo, tal qual era em latim, só com a deslocação do acento para a última sílaba?
Além disso, se no século XIII a primeira sílaba de alter ainda não estivesse alterada, estava-o seguramente a segunda, na linguagem comum, porque outro saiu de alter pelo acusativo alterum e, com a deslocação do acento suposta, teria dado Altero e não Altér. E com quem concordaria, in mente aquele adjectivo alter? Com vila? Então deveria ser áltera ou altera. Com oppidum? Então devia ser áltero ou altéro”.
Efectivamente e perante tão sensatos e fundamentados embargos, tal suposto étimo tem de ser abandonado.
ALTER proveio, sim, do locativo Abelterii, cidade, através de formas intermediárias e pré-históricas Avelterii e Aelter, como mostrou Leite de Vasconcelos.
          Fonte: Dos Topónimos e Gentílicos, de Xavier Fernandes, Vol. II – 1944 – Págs. 253-254.
 

quinta-feira, 26 de março de 2015

Bom Dia Alentejo, Aldeia da Mata, a Topónimo de Aldeia da Mata

 

A origem do seu nome não é clara.
Os estudiosos do assunto afirmam que deriva talvez da situação do povoado no meio de matas, mas de uma mata específica - talvez propriedade da Ordem do Hospital ou do Grão-Priorado do Crato, conforme a época - ou da "aldeia" como propriedade agrícola, território povoado e cultivado entre matagais.
Fonte: "PDM do Crato" e a foto: "CMC"

segunda-feira, 23 de março de 2015

Bom Dia Alentejo, Almodôvar, a lenda de Santo António, amor do Pai eterno

 Quando Santo António, andava pelo mundo, passou por estas bandas, isto segundo a lenda. Havia uma moça que tinha casado com um homem muito mais velho do que ela. Ora aconteceu que essa moça teve um filho dele. O homem não aceitava a criança, dizendo que não era filho dele.
 
Foto: http://hypescience.com/wp-content/uploads/2012/06/amor-de-pai.jpg
A moça passava os dias a chorar, com o desgosto de não ver a criança aperfilhada.
Santo António passou pela casa da rapariga e, ouvindo o choro, entrou e foi ver o que se passava. A moça contou-lhe tudo e logo o santo quis ajudar a resolver o problema.
O santo disse-lhe que voltaria no dia seguinte e recomendou-lhe que deitasse o menino no berço, com o pai de um lado do mesmo berço e a mãe do outro. E que seria a própria criança a dizer quem era o pai.
Ela assim resolveu fazer, incrédula no entanto, pois o menino só tinha um mês e ela não acreditava que ele conseguisse falar.
No dia seguinte, Santo António voltou à casa e dirigiu-se ao bebé dizendo-lhe:
— Levanta-te, aponta com o dedo e diz quem é o teu pai!...
A criança, levantou-se e apontando na direcção do homem, chamou-lhe pai.
Só assim o homem acreditou que era na verdade, o pai da criança.
O santo recomendou ao homem que fosse fiel a sua mulher e a seu filho, pois a verdade morava naquela casa.
Fonte: António J. Gonçalves, Monografia da Vila de Almodôvar  Associação Cultural e Desportiva da Juventude Almodovarense.

quarta-feira, 18 de março de 2015

Bom Dia Alentejo, Gáfete, Monumento ao Canteiro, picola maceta e escopro diz a pedra

 
Inaugurado em 13 de Julho de 2002, este monumento constitui uma merecida e justa homenagem aos Canteiros de Gáfete, homens simples, mas sábios, que transformam pedras em objectos de rara e grande valor arquitectónico.
O conjunto consta de uma “bujarda” ou “picola”; de uma “maceta” e de um “escopro”,instrumentos utilizados por estes artesãos no seu paciente trabalho e muitas vezes transformam pedras em verdadeiras filigramas.
Fonte: João Ribeirinho Leal, Monografia de Gáfete, 2013, Edição da CMC.

terça-feira, 17 de março de 2015

Bom Dia Alentejo, Tolosa, Apodo de Tolosa, a sucesso despercebido

 
Foto: M.Mendes, http://viladetolosa.blogspot.pt/2013/01/tolosa-antigamente-na-vila.html
Cucos são de Tolosa, concelho de Nisa, distrito de Portalegre.
Entre Gáfete e Tolosa há uma certa rivalidade, sem justificação, é certo que vem de longe, e promete continuar. É assim mesmo.
O Cuco põe os ovos no ninho das outras aves. É preguiçoso, portanto. Não serve neste caso, porque os tolosenses são activos e empreendedores.
É o Cuco ave migratória. Também os naturais de Tolosa têm as suas migrações periódicas, para lutar pela vida e seu justo anseio de melhorar a sua situação económica. Ainda assim, – mes compadres e minhas comadres -, esta posição é relativamente recente e não deve aceitar-se como justificativa para o apodo Cuco.
Ora – pois sabeis lá compadres – se os de Tolosa não são preguiçosos, e emigram há poucos anos para cá, parece-nos que temos de chegar a esta conclusão:
O Cuco também é manhoso, não há dúvidas, e sabe colher proveito da falta de cuidado dos indolentes. Instala-se, impõe-se e o resto se verá.
Fonte: Gentílicos e Apodos Tópicos de Portugal Continental, Edição da Junta Distrital de Portalegre 1973, Alexandre de Carvalho Costa

domingo, 15 de março de 2015

Bom Dia Alentejo, Borba, Monumento aos Dadores de Sangue, a uma terra amor e regeneração

 

Localizado assim mes compadres e minhas comadres, na rotunda que intersecta a Avenida dos Bombeiros Voluntários com a EN 255, foi inaugurado no dia 8 de Julho de 2006, integrado no programa do XXIII Convívio Nacional e XVII Convívio Internacional de Dadores Benévolos de Sangue, que juntou nesta terra linda de Borba, pois compadre dirá a vossemecês, assim cerca de 1.400 dadores de sangue de todo o país.

Fonte e Foto: http://www.cm-borba.pt/pt/visitar/cidade/monumentos-de-homenagem
Monumento em Homenagem aos Dadores de Sangue, sob a forma de um coração, foi esculpido pelo escultor espanhol José Manuel Montiel Pulido em mármore da região, com a inscrição de um poema da autoria do poeta popular borbense António Prates, “Sangue é vida que se doa, numa terna e grata prova, do amor de uma pessoa, que pratica a Boa Nova”, inscrito também em braille…

quinta-feira, 12 de março de 2015

Bom Dia Alentejo, Gáfete, uma no Crato, a uma menina que lhe batia


A Vila teve a designação de: Vila Nova de S. João Baptista de Gáfete.
O "termo" era pequeno, tinha apenas uma légua e meia de comprimento por uma légua de largura. Mas o lugar de Gáfete, mereceu passar a ser uma Vila!
Em 1758 já tinha 207 "vizinhos", nome que se dava às famílias que constituíam a Vila de Gáfete, e uma população de 569 almas (pessoas).
A Igreja Matriz, bom templo de uma só nave, fica no centro da Vila. Notável o Altar - mor, em talha dourada que foi feito no século XVII (setecentista). Além disso tinha-mos 5 ermidas: S. Pedro, Sto António, Espirito Santo, S. Marcos e a de Santa Catarina, esta já destruída.
No século XVIII, Gáfete tinha uma albergaria para pobres e peregrinos que iam de passagem.
A Misericórdia, cuja Igreja é pequena (capela do Espirito Santo), tinha nessa época 80$000 réis de renda.
Só uma última nota para vermos a importância que Gáfete tinha no século XVI. No recenseamento mandado fazer por D. João III em 1532 viu-se que Gáfete tinha na altura 105 moradores e Tolosa só tinha 42 moradores.
Fonte: (Notas recolhidas pelo professor Viriato Nunes Crespo, através do professor Manuel Subtil (Torre do Tombo 105 Gaveta 5 - Março 1, nº 47), Fotos: CMC e AACRATO
  

terça-feira, 10 de março de 2015

Bom Dia Alentejo, o Cante Alentejano, alma assim anda pelo mundo


A origem do Cante Alentejano mora algures numa zona-sombra da História. 
Ninguém, verdadeiramente, lhe descobriu ainda a fonte primeira. Eco de cantar árabe, tangido lá na distância de velha alcáçova, ou reminiscência do canto gregoriano, sedimentando o Verbo.
O poeta José Gomes Ferreira disse "nunca vi um alentejano cantar sozinho". (...). 
O Alentejo canta em coro, como sempre o terá feito. Mas o grupo coral não é a voz de uma solidão colectiva: é a adição de solidões individuais.
Nem o próprio cantar é uniforme. 
Tem altos e baixos. 
As vozes não soam todas ao mesmo tempo.
Há um ponto, um alto, um baixo.
Sons que se destacam no entoar moda, que é a soma da letra com a musicalidade das vozes.
A moda evolui, como tudo. A moda nasceu nos despiques da taverna, em redor do copo de vinho, nos ranchos da ceifa e da monda. Nasceu ao anoitecer no regresso dos ceifeiros a casa. Rompeu com os primeiros raios do astro, a surpreender os ranchos vergados sobre o trigo quando o trabalho se fazia "de sol a sol". 

O cante retrata a solidão e a tristeza. O amor e o trabalho. A alegria. O sol e a terra. O suor. Canta o trigo e as cegonhas. A emigração e a barragem do Alqueva. Canta a morte e a vida. Angústias e sonhos. Canta o homem perdido em incansáveis longitudes. É terno e quente. Ingénuo e grave. Sóbrio e triste. Solene como uma catedral. É como ela, eleva-se da terra, atingindo alturas tais que se mistura com o lamentodos descampados, não se sabendo já se são criaturas ou os próprios plainos que assim gemem.
É ao fim da tarde que o cantar se ergue. Levanta-se nas "vendas", cresce em redor do copo de vinho. Vem com a lua e com ela atravessa os ares. Temeroso, talvez, de o sol não voltar a nascer. 
Tantos são os cantares como os Alentejanos. 
As fronteiras do cante não têm de coincidir com as que, administrivante separam o Baixo do Alto Alentejo, ou os dividem a região pelos distritos de Beja, Évora e Portalegre. Os de Barrancos "cantam à espanhola e também à alentejana".
Pelo Redondo e por Campo Maior, ao longo de uma linha que se estende para a Beira Baixa, cantam-se "as saias" - cantar alegre, sem dispensar adufes.
Nos campos rasos de Castro Verde e de Ourique há trinados de viola campaniça. E por Vila Nova de S. Bento, Serpa, Cuba, ecoam os cantares em coro. 
Estas vilas erguem-se como das mais expressivas "catedrais do cante" alentejano.
Nos últimos anos o cante tem sido invadido por grupos instrumentais. Juntam às velhas letras os sons de violas e de bandolins, de concertinas e de órgãos electrónicos. Espécies de açordas com papo-secos.

O cuidado com o traje tem descido de Nível. 
Muitos corais, mesmo entre os que ainda não substituíram a música das vozes pela cacafonia dos sintetizadores terão perdido por completo o sentido estético de vestir. É possível escutar "castelo de Beja/ subindo lá vais/ tu metes inveja/ às águias reais" por ranchos equipados com vulgares calças de ganga de pronto a vestir, camisas brancas de fabrico em série e sapatos de ténis. Em vez da variedade etnográfica de traje surge uma farda. (...).
No entanto, autarquias e associações culturais ou de defesa do património têm vindo a procurar contrariar o pechisbeque. Estimulam festivais, encontros e concursos de grupos de cantares tradicionais. Contribuindo para a recuperação da memória de um povo.
Fonte: Portugal passo a passo - Alentejo, João Couto Nogueira e Pedro Ferro, Edições Ediclube...

segunda-feira, 9 de março de 2015

Bom Dia Alentejo, Cabeço de Vide, Topónimo de Cabeço de Vide, o Cabeço da Vida

 
Foi vila e sede de um concelho, extinto em 24 de Outubro de 1855.
Segundo a tradição, a primeira fundação da localidade foi no sítio de Pombal. Aí, escreve António Novais (1635), “havia uma povoação onde, por uma ocasião de uma batalha, ficaram por enterrar muitos mortos do que resultou uma peste; alguns feridos subiram ao cabeço do outeiro e assim que respiraram os ares puros logo cobraram a saúde, vendo isto, os que ficaram em baixo foram subindo ao alto do monte e lhe chamaram dali por diante Cabeço da Vida.

Mas o autor da “Relação do Bispado de Elvas” diz também: “No alto havia um zambujeiro, com uma parreira que trepava por ele e com suas vides e rama faziam grande sombra onde se acolhiam enfermos e convalescentes.
Despovoada o sítio do Pombal e edificando a vila nesse lugar, lhe chamam Cabeço da Vida e pelo tempo em diante Cabeço da Vide”.
Temos assim duas versões que acabarão por determinar o topónimo actual.
No século XVI, ou talvez depois, foi desenhado o brasão da vila, com uma videira envolvendo o castelo.
Polémica à parte, que as há, prevaleceu a “Vide” que havia no alto do cabeço.
 Fonte: Do Dicionário Enciclopédico das Freguesias, pág. 677, 4º Vol., Vários, 1998.

quarta-feira, 4 de março de 2015

Bom Dia Alentejo, Almodôvar, a Escultura, o Sapateiro que está na rotunda

 
É difícil determinar a origem da vila de Almodôvar, a sua cultura e época. No entanto, compadres e minhas comadres, no entanto há registos de povos árabes, muçulmanos em mapas do século VII, em que a cidade era chamada de Al-Mudura que siginifica "coisa redonda ou cerca redonda".
Almodôvar, terra de sapateiros entre os anos 1940 e 1970. No sul do país, pois vos direi compadres, era a zona com mais indústria manual de calçado com cerca de 200 artesãos.
Os industriais e oficinas trabalhavam com o intuito de participar nas feiras. Por todo o Alentejo os sapatos e as botas tinham fama, pois em todas as feiras havia uma rua com todos os sapateiros, a qual davam o nome de rua de Almodôvar.
Numa rotunda da vila, foi erigida uma impressionante escultura com 6 m de altura em homenagem à arte dos sapateiros desse tempo. A obra em si, é do escultor Aureliano Aguiar. Feita ela, com pedaços de ferro recuperado de todos os tipos.
 

 
 
 
 
Esta é uma escultura que foi concebida em homenagem ao Sapateiro e que visou promover, divulgar e valorizar o ofício tradicional de sapateiro enquanto elemento identitário da Vila de Almodôvar e torná-lo fator de atratividade turística.
Esta impressionante escultura de Aureliano Aguiar, foi construída de forma a relembrar este ofício, que atravessou várias gerações, às vezes dentro das mesmas famílias, e foi considerado, em tempos não muito distantes, um dos principais meios de subsistência do concelho, tendo chegado a contar com cerca de 200 sapateiros no ativo.
Utilizando diversos materiais de ferro velho e com os seus 6 metros de altura, vale a pena parar por 5 minutos para contemplar este magnífico trabalho.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Bom Dia Alentejo, Fonte e Chafariz do Telheiro, Monsaraz, a um gosto a Reguengos de Monsaraz

 
Fonte e Chafariz do Telheiro, a um gótico. Chafariz que ficou concluído em 1422, construído em alvenaria grossa, rematada por merlões piramidais. Fonte setecentista, de construção regional, decorada por frontões com enrolamento. Em 1930 foram feitas diversas obras, pois assim mes compadres, para reformar esta construção…
 

domingo, 1 de março de 2015

Bom Dia Alentejo, Borba, Monumento ao Bombeiro, a um profissional de coração

  
 
De forma a demonstrar a gratidão e reconhecimento pelo trabalho prestado pelos bombeiros ao concelho, sempre ao lado dos mais desprotegidos e da segurança das populações, a autarquia inaugurou no dia 24 de Setembro de 2005 um Monumento de Homenagem aos Bombeiros Voluntários na Avenida dos Bombeiros Voluntários de Borba, a poucos metros do quartel da corporação de Bombeiros Voluntários de Borba.


Para a elaboração deste monumento, da autoria de Norberto Alpalhão, foi utilizado mármore do concelho, oferecido gentilmente pelas empresas A. Bento Vermelho, Lda, Criamármores, Lda e Plácido José Simões, S.A., e o trabalho de escultura foi efectuado pelo escultor borbense António Pereira Anselmo.

Foto e Fonte: http://www.cm-borba.pt/pt/site-visitar/cidade/monumentos%20de%20homenagem/Paginas/bombeiros-volunt%C3%A1rios.aspx