domingo, 31 de agosto de 2014

Bom Dia Alentejo, Brotas, a Lenda de Nossa Senhora das Brotas, a terra Viva de Mora

Segundo a tradição este culto teve origem na vila das Águias, mais propriamente no lugar de Brotas da Barroca, que se encontrava naquela altura completamente inabitável por ser extremamente húmido e constituído por uma grande cova cercada de ribanceiras, que a toponímia local designou de Inferno, Inferninho e Purgatório.
A lenda conta que enquanto um pastor guardava ali a sua vaca, esta por descuido escorregou e foi estatelar-se morta no fundo dessa cova.
Quando se apercebeu do sucedido, o pastor desprovido da sua principal fonte de rendimento para sustentar a sua família, confiou à Virgem o seu desgosto, implorando-lhe proteção.
De seguida começou a esfolar o animal e já depois de lhe ter cortado a pata que se tinha partido com a violência da queda, apareceu-lhe a Virgem Santíssima que lhe recomendou serenidade e pediu que fosse dizer aos moradores das Águias para lhe construírem ali uma capela e disse que assim que voltasse encontraria a vaca viva.
O pastor assim fez e quando regressou àquele local com os seus conterrâneos, a vaca já andava a pastar como se nada tivesse acontecido e da pata que lhe havia sido cortada apareceu feita uma imagem da virgem.
Pouco antes de 1424 ali se ergueu a ermida, como simples comenda da Ordem Militar de São Bento de Avis e dependente da vila das Águias. E a imagem da Nossa Senhora de Brotas ali foi conservada, com cerca de um palmo e feita de osso, harmonizando-se perfeitamente com os dados da tradição.
Uma ocasião, um pastor que andava a guardar vacas, deu com uma vaca morta, caída numa barroca, no sítio onde hoje está a igreja. Como não podia perder tudo, começou a esfolá-la para lhe aproveitar o couro. Já lhe tinha cortado uma mão, quando lhe apareceu uma Senhora, que lhe pediu que fizesse ali uma capela dedicada a Ela. Conta-se que o homem fez a imagem da Senhora, do osso da mão da vaca e que esta se levantou curada. O homem ficou pasmado e foi a correr contar a novidade à Aldeia das Águias. Todos correram a ver o milagre, levantando-se logo uma ermida, onde puseram a tal imagem de Nossa Senhora da mão da vaca.
Fonte: Joaninha Duarte, A Luz da Cal ao Canto do Lume Lisboa, Colibri, 2009 , p. 265