sexta-feira, 30 de maio de 2014

Bom Dia Alentejo, Blocos Pedunculados de Arez-Alpalhão - Nisa, a Zona é rica, a natureza diz que é artista


Os blocos pedunculados são como enormes cogumelos de granito que crescem aqui e além na Superfície de Aplanação do Alto Alentejo. A sua origem ocorreu em duas etapas: uma primeira que se dá após a exposição à superfície de uma porção granítica, resulta de uma mais rápida alteração química da rocha ao nível do solo, onde as águas subterrâneas se acumulam e enriquecem em ácidos orgânicos e uma segunda etapa desenvolvida durante um período de chuvas mais intensas em que os solos sofrem erosão acelerada, expondo o pedúnculo que une o todo coerente ao seu substrato granítico...

Fonte: http://www.naturtejo.com/conteudo.php?opt=o-que-visitar&id=75

Bom Dia Alentejo!

 

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Bom Dia Alentejo, o Lobisomem, terra de Alegrete, povo de Portalegre, a história uma povo a contava

 
Dizia-se, não se sabe desde quando, nem porquê, que fulano ou sicrano era lobisomem! E o que era ser lobisomem?
Era alguém que tinha o condão, ou a sina, ou a fatalidade, de se transformar em qualquer outro animal. Durante a noite sentiam uma ânsia, saiam de casa, tiravam a roupa e rebolavam-se no sítio onde tivesse estado esse animal.
Imediatamente o seu corpo se transformava até ficar semelhante ao desse animal, e tinham de percorrer sete léguas até se cansarem e voltarem ao mesmo lugar. Ali chegados rebolavam-se e retomavam à sua forma humana.
Dizia-se que chegavam a sua casa sujos exaustos pelas suas correrias. Mas enquanto vagueavam ou corriam através de vereda se campos eram perigosos porque desejavam que alguém os picasse e lhes fizesse sangue. Se tal acontecesse ele retomaria a sua forma humana, logo ali, e seria o outro (o que o picasse) que passaria a ser o lobisomem. Para isso investiam contra as pessoas contra quem se cruzassem. Enfim um perigo, um horror!
Fonte: Alegrete : histórico, urbano e rural – João Manuel Marques Parente - pág. 79 – 2003 – Edições Colibri
 
Bom Dia Alentejo!
 
 

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Bom Dia Alentejo, a Vila Boim, Igreja Paroquial de Vila Boim, uma a porta aberta para os homens



É de invocação de S. João Baptista e dista onze quilómetros de Elvas.
O edifício é simples, com cunhais de cantaria aparelhada.
Data do séc. XVIII, tendo sido reconstruído em 1846 e 1855.
Um janelão de volta redonda com pequeno frontão sobrepõe-se à verga do pórtico, de mármore.  
A torre sineira ergue-se à esquerda, em plano um pouco reentrante, com quatro pináculos e cópula em coruchéu com catavento de ferro recortado.
À direita existe uma outra sineira sobre beiral, com um só olhal e relógio, sob o qual está a data de 1855.
O adro, lajeado, é fechado por uma grade alta de barrinha de ferro, com cancelo e vistosa decoração.  É do século XIX.
O interior de uma só nave, com altar-mor de mármore de duas cores, do séc. XVIII, tem no alto as armas de Portugal.
Os dois altares laterais são no mesmo género, mas mais simples, um com nicho e o outro com retábulo pintado, representando S. Miguel.
O púlpito é de mármore, muito simples, e o coro, sobre arco de volta abatida, tem uma boa grade de ferro datada de 1846.
O baptistério, do lado do Evangelho, tem pia de mármore liso.
As duas pias de água benta são também lisas.
Na sacristia está um arcaz com ferragens, do século XVIII.

Fonte: Inventário Artístico de Portugal, Luís Keil, 1943


Bom Dia Alentejo!

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Bom Dia Alentejo, Fronteira, o Topónimo de Fronteira, a terra que ficou na Fronteira

 
Fundada pelos cavaleiros de Avis, cerca de 1226, era uma vila cercada de muralhas torreadas, destruídas hoje, em grande parte. Tem um castelo com duas torres, tendo desaparecido as restantes sete que guarneciam a fortaleza.
Alguns autores dizem que o fundador da vila foi D. Dinis, pelo ano de 1290, e que perguntando-se-lhe onde queria ele que ela fosse edificada, o monarca, apontando para o lugar onde actualmente está, respondeu: “na fronteira”, donde lhe proveio o nome”.
Do Arquivo Nacional, da Direcção de Rocha Martins – Ano V – (1936 – N.º 210 – Pág. 47).

“ é o mesmo nome comum fronteira, aproveitado para topónimo, explicando-se a escolha da designação com o facto de terem sido os seus habitantes encarregados de vigiar os vizinhos temerosos, por o povoado servir então de fronteira, o que há muito não sucede, como é sabido”.
Dos Topónimos e Gentílicos, de Xavier Fernandes, Vol. II - (1944) – Pág. 312).


É uma bonita povoação, colocada em um platô (?). A sua primeira fundação foi em um outeiro, e que ainda chamam Vila Velha, onde então estava uma atalaia fronteira aos muros de Vaiamonte, de cuja circunstância tomou o nome.
A Vila Velha foi fundada em 1226 por D. Fernando Rodrigues Monteiro, quarto mestre da Ordem de São Bento de Avis, segundo a opinião de vários escritores.
Dizem outros autores, que foi D. Dinis que a fundou, pelo ano de 1290, e perguntando-se onde ele queria que se fizesse, o rei apontando para o sítio actual da vila, respondeu “na fronteira” e que é disto que lhe provém o nome.
(A primeira etimologia parece-me mais verosímil).
O que é mais provável é que D. Fernando Rodrigues Monteiro fundou a Vila Velha, e que estando arruinada com as guerras dos mouros, e querendo-a D. Dinis reedificar, mas não gostando do sítio, a mudou para a actual, que na verdade fica fronteira à Vila Velha, que desde então se abandonou.
(Do Portugal Antigo e Moderno, de Pinho Leal, Vol. III – (1874) – Pág. 293).                   


Bom Dia Alentejo!

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Bom Dia Alentejo, Alpalhão, que lá na Nossa Senhora da Redonda, Segunda-feira da Pascuela, Povo come o borrego no campo

 

É tradição ir "comer o borrego" ou "comer o chibo" ao campo em segunda-feira de Pascuela e assistir á romaria de Nª. Sr.ª. da Redonda
Há em Alpalhão quem se chame Maria da Redonda, o que revela a importância da Senhora da Redonda para a comunidade.
É revelador e é bonito, daí que se espere sempre uma grande festa pela Senhora da Redonda, a coisa de uns três quilómetros da vila.
Ali encontrámos, cedo ainda, famílias a almoçar, porque a missa é cedo.
As mesas estão postas e há mesas de pedra para acolher as famílias em toda a Tapada da Senhora da Redonda que circunda a zona da capela. Capela bonita, por sinal, com azulejos na capela-mor e tecto a merecer a atenção.
Boa a intenção de forrar de azulejos a meia altura toda nave mas o resultado é mais do que duvidoso.
A imagem da Senhora da Redonda causa admiração por duas razões. Primeiro porque se esperaria uma imagem maior e depois ouve-se sempre dizer "tão pequenina e tão bonita". A segunda razão que causa admiração só aos forasteiros menos conhecedores de Alpalhão prende-se com a quantidade de ouro que a imagem apresenta.
Ora se estamos em Alpalhão e se Nossa Senhora é feminina só podia ter ouro, muito ouro.
Hoje é muito menor o número de famílias que fazem questão de ir comer à Senhora da Redonda, se bem que ninguém falte durante a tarde à festa.
Mas há ainda muitas famílias que fazem questão de manter a tradição, e como há um amplo leque geracional nessas mesmas famílias, convencemo-nos que a tradição ainda está para durar.
É também da tradição convidar para comer quem chega, de modo que se for sem merenda não deve ter problema.
Nota: Para evitar a acção de ladrões e outros meliantes todos os objectos de valor foram retirados da igreja e guardados em local seguro, apenas regressando a igreja no dia da romaria.
Fonte: Jornal Fonte Nova, Portalegre
 

Bom Dia Alentejo!

 
 

 

terça-feira, 20 de maio de 2014

Bom Dia Alentejo, a terra de Aldeia da Mata, três de Maio dia da Bela Cruz, as terras do Crato cruzeiro os enfeitava

 
 
 
 
 
 
 
 




Era a 3 de Maio, - e nas minhas viagens pela terra da Aldeia da Mata ainda parece que o é – nesse dia enfeitavam-se os cruzeiros com flores naturais.
Esta tradição era feita com alegria pelas raparigas, e com o entusiasmo e rivalidade que havia entre elas nesse dia, era também partilhada pelo povo da zona dos cruzeiros.
Após alguns de interrupção, hoje a custo e sem vontade, os cruzeiros enfeitam-se, mas só por alguma mulher casada que é auxiliada pelas crianças. Esta tradição tem tendência a acabar o que é pena…
Fonte: A Nossa Terra, João Guerreiro da Purificação, Associação de Amizade e Terceira Idade, Aldeia da Mata, 2000.



Bom Dia Alentejo!

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Bom Dia Alentejo, que é a Castro Verde, Topónimo de Castro Verde, de Castro a uma vegetação verdejante

 
 
Castro Verde. Vila e sede de Concelho.
Já aparece mencionada em 1301.
Penso que este nome foi transplantado da antiga e extinta vila de Castro Verde nas abas da Serra da estrela, hoje simples lugar de Eiró (Santa Marinha de Seia), porque a palavra Castro (ou crasto, tão vulgar na toponímia do Norte Beira não figura no Sul do Tejo senão neste nome, e no de Castro Marim…  Mas, transplantado ou não, o seu sentido é tão claro (< - castelo verdejante, povoação ou cercado de vegetação>) que quase dispensa explicação.
Cp. Estes outros topónimos:  Vila Verde,  Penha Verde,  Monte  Verde,  Casal Verde,  Cabo  Verde,  etc.
Da Informação Particular de 1941, do Dr. Joaquim Albino da Silveira.


Bom Dia Alentejo!

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Bom Dia Alentejo, Mora, Topónimo de Mora, o Presente não lhe Demora

 
A forma mais remota que conheço da sede deste concelho é AMORA, em documento de 1446, e noutro do século XV.
O Censo do Alentejo de 1527, ainda traz duas vezes<< Villa da Mora >> e só uma << Villa de Mora >>. Há ainda outra Mora, freguesia de Trás-os-Montes (Vimioso), e Amora, no concelho do Seixal, além dos derivados – Moredo, Moraes, em Trás-os-Montes, e Amoreira, Amoraias, numerosas em todo o país.
A base comum estará no latim vulgar mora, português moderno amora (com prótese do artigo feminino) que significa não só o fruto da amoreira, mas também a própria árvore, em latim clássicos ditos respectivamente << morus e morum >>.
Da Informação Particular de 1941, do Dr. Joaquim Albino da Silveira).
 

Mais de uma hipótese se pode formular sobre a origem desta designação. Relacionar-se-á com Mor contracção de Moor, que foi nome de mulher e subsiste ainda na toponímia?.
Teremos então em Mora um nome latino, mas a solução não seduz muito, até porque, em topónimos desta origem, tal elemento não aparece isolado, antes fazendo parte das expressões compostas. Talvez seja preferível fazer a aproximação morfológica de MORA e Morão, nome de localidades do Minho e Trás-os-Montes.
Morão, representado na Galiza por Morán e o mesmo que Mourão, é um caso oblíquo correspondente a Maurane (século XI), de Moura, genitivo Mauranis, nome visigótico ou, antes, latino, mas adoptado e adaptado pelos visígodos(em latim, Maurus).
O desconhecimento de formas antigas e intermediárias do topónimo dificulta a determinação do verdadeiro étimo.
Dos Topónimos e Gentílicos, de Xavier Fernandes, Vol. II – 1944 – Pág. 339). Vid. Apêndice.

É MORA de antiga fundação mas não sabe quando nem quem foi o seu fundador. Foi-lhe por D. Manuel I, dado foral em 1519 e era Comenda da Ordem de Avis.
É banhada pelo Raia que corre sossegadamente até ao sítio denominado a Fraga, onde se despenha formando uma queda que, talvez devido ao desamor pelas nossas riquezas naturais, ninguém pensou ainda aproveitar.
É a Fraga, pelo seu aspecto surpreendente, vista obrigatória de quantos por MORA passam.
Parece que o nome de MORA provém de, em tempos remotos, existir este local um Convento ou Recolhimento de frades da Ordem de Avis a que lhe davam o nome de DEMORA, porque na passagem para outros conventos, ou locais, os frades desta Ordem, aqui permaneciam até partir. Com o andar dos tempos passou a chamar-se MORA.
Fonte: Do Boletim da Casa do Alentejo – Ano XX – N.º 213 – Janeiro de 1955

Bom Dia Alentejo!

Bom Dia Alentejo, as terras de Aldeia da Mata, a Crato viva, a Língua Alentejana com puro grato registada


A

Abrir os ganaipos  -  falar muito alto.
Acegalhar  -  dar qualquer coisa.
Açôr  -  pessoa de má génio.
Aguçoso  -  homem trabalhador.
Amaldecinado  -  pessoa com pouca sorte.
Amaruja  -  qualquer coisa com gosto de azedo ou parecido.
Anagalhar  -  dar por acabado qualquer serviço.
Anda à gosma  -  anda à mama.
Anda a sarançar  -  anda sem saber o que anda a fazer.
Anda de balão  -  anda grávida.
Anda numa fona  -  anda apressado ou atarefado.
Arrachadela  -  arrachado.
Arreganhado  -  pessoa com frio.
Arregougado  -  espertalhão zangado.
Arreitado  -  pessoa de génio vivo a querer dar nas vistas.
Arremeda  -  imita.
Arronqueira  -  de toda a vida tem sido o nome do pé duma árvore que ficou no terreno depois de cortada. Hoje também dão esse nome a um copo de vidro de um quarto de litro.
Arrougado  -  importante.
Atabão  -  pessoa mal jeitosa.
Atanazar  -  pessoa que quer brigar ou peganhosa.

B

Bacoca  -  pessoa pouco sabedora.
Bandulhe  -  barriga.
Baril  -  bom.
Barriga de almece  -  gordo.
Belicoso  -  esquisito com a comida.
Berrugas  -  pessoa valente cheia de força.
Bilhardeira  -  bisbilhoteira.
Boitice  -  barulho.
Bombela  -  guarda-chuva.
Boqueirão  -  taberna.
Bruta-montes  -  pessoa mal educada.
Bua  -  água (esta palavra era mais empregada quando se deva de beber às crianças).
Bujaca  -  porta-moedas.
Bulicosa  -  pessoa que não gosta de tudo.

C

Calatroia  -  mistura mal feita de várias coisas ou mistura de coisas ruins ou comida mal feita.
Calcanhos  -  pés.
Calhostras  -  sujidade do nosso corpo.
Calote  -  dívida.
Cambalache  - trocar ou vender sem medir ou pesar.
Canicalho  -  coisa pequena.
Carambuleira  -  pessoa mentirosa, intriguista.
Carconço  -  pessoa muito segura no dar.
Carconse  -  homem que foge de pagar um copo de vinho a um amigo.
Catar  -  tirar piolhos de alguém.
Catronhos  -  pés.
Cavar cepa de lombo  -  ouvir daquilo que não gosta.
Chanfana  -  carne guisada de cabra ou ovelha.
Colastra  -  mulher porca.
Combalido  -  podre ou estragado.
Comua  - coisa que não presta.
Conduto  -  o que se come com o pão.
Confranger  -  tem mau estar, está-se mexendo.
Copa  -  roupa.
Croinar  -  dormir.
Curso  -  evacuar.

D

Dar ao chinelo  -  falar muito.
Derrangado  -  pendurado.
Desabilha  -  vai-te embora.
Desingrafolhou-se  -  livrou-se de qualquer coisa.
Desinsaibrido  -  coisa sem gosto.
Destoutenado  -  distraído, pouco atento.
Desunha  - corre.
Diz o dito por não dito  -  pessoa mentirosa.

E

Emacharroado  -  céu escuro para chover.
Emandongado  -  qualquer coisa mal feita.
Emboubado  -  encantado.
Embranchada  -  qualquer coisa complicada ou confusa.
Embrutalhado  -  estúpido.
Emburricado  -  zangado.
Empachado  -  pessoa que deseja falar e não a deixam.
Empandeirado  -  pessoa que cai e ficou estendida no chão.
Entramburtado  -  qualquer parte do nosso corpo inchado ou qualquer coisa com mais volume que o normal.
Encafuado  -  pessoa com medo e escondida sem falar.
Encantonou  -  arrumou mal arrumado.
Encanzinado  -  entusiasmado.
Encarrafouçado  -  céu com muitas nuvens escuras.
Encouchado  -  curvado ou mal feito.
Enfonar  -  coser a roupa à pressa ou mal cozida.
Enfrouvado  -  enfezado.
Engadanhado  -  quando não se consegue unir ou fechar os dedos das mãos com frio.
Enganido  -  pessoa com frio.
Engoufado  -  pessoa que está com frio ou encolhida.
Enjandrou  -  concertou.
Enjócado  -  com defeito ou torto.
Enmarzougado  -  grosseiro.
Enregar a trabalhar  -  começar a trabalhar.
Enremolhado  -  amarrotado.
Ensigueirado  -  apaixonado.
Enteorgado  -  muito bêbado.
Entrementes  -  neste intervalo de tempo faço isto; era vulgar dizer-se: eu entrementes faço isto ou aquilo.
Entrongado  -  meio bêbado.
Escalamoucada  -  pessoa que cai e fica com contusões.
Escalmurrado  -  pessoa muito enfadada.
Escantelhão  -  qualquer coisa a ver-se cair.
Escolateira  -  cafeteira.
Esfaguntado  - fugir com medo.
Esfronhar  -  limpar a chaminé.
Esganipado  - roto.
Esmoufado  -  desmazelados, enfadado, mal arrumado.
Espichado  -  estendido.
Está ateceinar  -  à espera de fazer qualquer coisa custosa de resolver.
Está baril  -  está bom.
Está numala  -  está desejoso.
Estamarrado  -  afastado ou perdido.
Estamueirar  -  ir-se estender ou deitar.
Está a bispar  -  está a ver.
Estevegança  -  muito mexida num trabalho, balbúrdia.
Estou a pander  -  estou quase a dormir.
Estou numala  -  estou desejoso.
Estouvado  -  pessoa suja, mal vestida, rota.
Estrafêgo  -  muito movimento.
Excorchar  -  beber um copo de vinho até à última gota.
Excurchalhas  -  resto de qualquer coisa ou pequena quantidade.

F

Fanôco  -  bocado de pão.
Fedor  -  mau cheiro.
Ficar à pá de pírola  -  ficou com fome ou sem nada.
Fonas  - roupa mal cozida.
Furda  - curral de pequenas dimensões onde se engordam porcos.

G

Gabaia  -  casaco que fica mal a quem o veste.
Galamandeus  -  mal acabado ou com qualquer defeito.
Ganfarras  -  mãos.
Garlejar  -  pessoa que se faz ouvir ou falar alto.
Garoulas  -  pessoa com a cabeça no ar.
Garrafo  -  frasco.
Gingar  -  fazer pouco de alguém.
Graviços  -  pequena porção de mato para fazer lume.

H

Havia arroz amarelo e do outro  -  havia muita confusão.

I

Imporem  -  recém-nascido, ou pessoa sem préstimo.
Incanzenado  -  entusiasmado com o amor ou com qualquer coisa.
Inganido  -  pessoa com frio.
Iscou-se  -  zangou-se.

J

Javardo  -  pessoa muita suja.
Jorna  -  ordenado.
Jornais  -  dias.

L

Labogueia  -  falta de asseio.
Lambança  -  quando uma pessoa fala muito e alto.
Levas uma tuna  -  levas uma sova.

M

Mal me pregatei  -  passou-me o tempo de pressa.
Mal se espargatou  -  fez depressa ou foi depressa.
Malagou  -  homem desconhecido e de má aparência.
Manapolas  -  mãos.
Mandicante  -  pessoa a fazer-se esperta.
Manhouvão  -  homem alto, forte e desconhecido no sítio.
Marapona  -  mulher mal vestida ou mal comportada.
Marzougo  -  homem grosseirão.
Maunça  -  costuma-se dizer “andar à maunça”, que foi a qualquer lado; pessoa que anda à solta.
Moinante ou boinante  -  vadio.
Morre esperecido  -  morre com fome.
Motreco  -  pequeno resto de pão que sobra quando se come.
Munsum  -  pessoa muito metida consigo ou calada.
Murinhar  -  chuva miudinha.

N

Não tem aldraça  -  não tem jeito.
Não tem bicho  -  não tem actividade.
Niquente  -  pessoa grave.
Nosso senhor o favoreça  -  agradecimento que os pedintes faziam quando recebiam esmolas de alguém.

O

O leite arrufou  - entornou-se ao ferver.

P

Panar  -  rouba.
Pano para mangas  -  qualquer coisa em quantidade.
Parece uma urca  -  quando se tem alguma parte do nosso corpo inchado.
Pateia com a vida  -  morre.
Penetra  -  pessoa esperta.
Pica-lhe os olhos  -  pessoa que gosta pouco do que está a comer.
Pindricas  -  os ramos mais altos das árvores.
Pocilga  -  o mesmo que furda; estas duas palavras também se empregam nas casas sujas e mal arrumadas.
Por uma unha negra  -  por pouco.
Puxar as orelhas à cama  -  fazer a cama.

R

Ranfanho  -  mau som ou instrumento mal afinado.
Reformar o prato  -  repetir.
Retumbir  -  afastar qualquer coisa de nós.
Rou-Rou  -  quando um segredo se começa a espalhar.

S

Salapismo  -  pessoa difícil de aturar.
Sarra a porta  -  porta encostada e não fechada.

T

Tora  -  bocado de carne ou de pão.
Trapaça  -  coisa que não presta.

Fonte: A Nossa Terra, João Guerreiro da Purificação, Associação de Amizade e Terceira Idade, Aldeia da Mata, 2000.

Bom Dia Alentejo!