Registei cretinense, porque o fiz derivar de Cretina topónimo extinto, e que hoje se
julga ser a actual vila do Crato.
Também se dia que Crato foi designado em tempos bastante
recuados por Castraleuca e Castraleuca e, portanto, os seus
habitantes seriam chamados Castralencenses
e Castraleucenses.
Xavier Fernandes
afirma que num documento do século XVIII aparece a grafia Crataleuca, que, se não é erro da escrita, deve ser forma
arbitrária ou forçada, talvez para aproximar as sílabas da forma actual Crato. O
ilustre filólogo regista ainda:
“Castraleucense referido a Castelo
Branco, por ter ouvido empregado algures, mas diz logo que é forma que não
deve ser usada, visto tratar-se de um detestável hibridismo – o latim Castrum de mistura com o grego Leukós, branco e com um sufixo de origem
latina”.
A meu ver, a forma
que tende a dominar é Cratense,
derivado imediato da actual vila do Crato.
Foto: http://www.meloteca.com/imagens/musicpavillions/crato-portalegre-dec-70.jpg
Respeitante a Cretina, arquivo o primeiro verso da Estª.
17, Canto VII do poema heróico Veriato
Trágico, Lisboa, 1864, de Brás Garcia de Mascarenhas, que o inclui:
“Chega a Cretina dita agora Crato”.
O saudoso Prof. e comprovinciano
amigo Manuel Subtil publicou em 1942, no semanário O Castelovidense, um artigo que intitulou: “O Gentílico “Cratense”, que merece apenas ficar arquivado neste
trabalho: A prepósito de Crataleucense
transcreve a opinião do filólogo Xavier Fernandes, o qual considera forma
arbitrária ou forçada.
Concordamos
inteiramente com a opinião autorizada do ilustre filólogo, a qual manifestamos
há anos já numa conferência que realizamos no antigo Grémio Alentejano, de Lisboa, hoje, Casa do Alentejo, subordinada a título de “A Vila do Crato e o seu Concelho”.
Aí firmámos o
seguinte: “O nome dessa desaparecida cidade era, segundo parece, Castraleuca, Castraleuco ou Catraleuco,
como também li em um documento do século XVIII. Esta última designação
parece-me um pouco forçada, talvez no intuito de a aproximar do actual nome da
vila”.
O documento referido – possivelmente o mesmo
que o Dr. Xavier Fernandes viu – existe no Arquivo Nacional da Torre do Tombo e
é assinado pelo Padre Diogo de Sousa Tavares, que em 1758 era vigário da vila
do Crato.
Não repugna admitir
que, por espírito bairrista, por amor à terra onde vivia e donde possivelmente seria
natural, o bom padre suprimisse arbitrariamente o s da primeira sílaba de Castraleuca.
Não havendo, pois,
a certeza de que a antiga cidade, em
cujas ruínas assenta a actual povoação do Crato, tenha tido o nome de Crataleuca, o gentílico Crataleucenso não pode nem deve, na
verdade, ser aplicado ao natural do Crato,
mas sim o derivado imediato do nome actual da vila, isto é, Cratense”.
Fonte: Alexandre de
Carvalho Costa, Gentílicos e Apodos Tópicos de Portugal Continental, Recolha e
Compilações, Edição da Junta Distrital de Portalegre