A respeito desta vila e sede de concelho do distrito de Portalegre, em
Abril de 1935 apareceram anónimas as seguintes referências:
“E assim surgiu das ruínas da velha Abeltéria
a vila de ALTER DO CHÃO, cujo nome
dizem ser corrupção da antiga cidade romana. Porém, como desta surgiram duas
vilas – ALTER DO CHÃO e Alter Pedroso – é mais provável que o
nome ALTER venha do adjectivo alter, que significa um de dois ou uma de duas partes, pois que ALTER
DO CHÃO é uma das duas partes da cidade Abeltéria,
sendo a outra parte Alter Pedroso,
hoje pequena povoação, anexa a ALTER DO
CHÃO, donde dista três quilómetros.
DO CHÃO é a tradução portuguesa da
palavra latina planus, porque desde
remota data se chamou ALTER PLANUS a
esta parte mais plana da velha cidade, em oposição à outra parte, que, por ser
mais alta e pedregosa, se chamou Alter
Petrosus, Alter Pedroso”.
A segunda parte destas referências foi criteriosamente contestada pelo Dr. Artur Bivar, que se manifestou:
“Esta etimologia (a que faz filiar o topónimo Alter no adjectivo latino alter)
não tem probabilidade nenhuma. Históricamente, não, porque, se a cidade esteve
em ruínas desde a destruição no tempo do imperador Adriano até D. Afonso II a
mandar reedificar e povoar, ficando então as duas povoações, era latim de mais
aquele incorrupto Alter no século
XIII.
Nesse tempo, já o alter latino
nos tinha dado foneticamente o nosso outro,
como em francês autre e em italiano altro. E só ali é que teria ficado fixo,
tal qual era em latim, só com a deslocação do acento para a última sílaba?
Além disso, se no século XIII a primeira sílaba de alter ainda não estivesse alterada, estava-o seguramente a segunda,
na linguagem comum, porque outro saiu
de alter pelo acusativo alterum e, com a deslocação do acento
suposta, teria dado Altero e não Altér. E com quem concordaria, in mente aquele adjectivo alter? Com vila? Então deveria ser áltera ou altera. Com oppidum?
Então devia ser áltero ou altéro”.
Efectivamente e perante tão sensatos e fundamentados embargos, tal suposto
étimo tem de ser abandonado.
ALTER proveio, sim, do locativo Abelterii, cidade, através de formas
intermediárias e pré-históricas Avelterii
e Aelter, como mostrou Leite de
Vasconcelos.
Fonte: Dos
Topónimos e Gentílicos, de Xavier
Fernandes, Vol. II – 1944 – Págs. 253-254.