Eis a lenda que, com
mais ou menos variantes, a tradição nos transmitiu:
Em distante e já remota época, numeroso e escolhido cortejo de damas e cavaleiros, de longada para as bandas de Castela, resolve descansar das fadigas da jornada junto às margens do rio e no sítio onde mais fácil se torna a sua passagem a vau.
Em distante e já remota época, numeroso e escolhido cortejo de damas e cavaleiros, de longada para as bandas de Castela, resolve descansar das fadigas da jornada junto às margens do rio e no sítio onde mais fácil se torna a sua passagem a vau.
Ao pretender, porém,
recomeçar a viagem, quando as damas se preparavam para compor os seus vestidos
e alisar os cabelos desgrenhados pelos solavancos da travessia através dos
ásperos córregos e do pedregoso trilho dos rústicos caminhos viram, com
desconsolada surpresa, que em nenhuma das escouradas arcas de bagagem se
encontrava um espelho, objecto tão necessário às mais novas e tafús e que havia
esquecido na azáfama confusa da partida.
Compreender-se-á o desespero em que esse facto
lançaria as entristecidas e contrariadas damas, tão ávidas de bem parecer e
para as quais o espelho é o mais dilecto, necessário e indispensável
companheiro.
Diz-se mesmo – mes
compadres e minhas comadres - que em algumas delas tal contratempo se
denunciava por mal contidas e furtivas lágrimas, que não passaram despercebidas
ao olhar atento e enamorado de um gentil moço e garboso cavaleiro da comitiva.
Pressuroso e cortês acudiu este procurando remediar a contrariedade das aflitas
damas, lembrando-lhes que não havia, em verdade, motivo para se entristecerem
pois que, para substituir o espelho tinham elas ali bem perto um belo rio de SE
VER.
Para comemorar a gentil lembrança do moço fidalgo e como prémio e agradecida homenagem à sua tão feliz e oportuna ideia puseram, então, as damas ao sítio onde haviam estado a pentear-se o lindo e romântico nome de «PORTO DOS CAVALEIROS», nome que ainda hoje lá se conserva e que a tradição liga a esta lenda tão perfumada de cortês e graciosa galantaria.
Para comemorar a gentil lembrança do moço fidalgo e como prémio e agradecida homenagem à sua tão feliz e oportuna ideia puseram, então, as damas ao sítio onde haviam estado a pentear-se o lindo e romântico nome de «PORTO DOS CAVALEIROS», nome que ainda hoje lá se conserva e que a tradição liga a esta lenda tão perfumada de cortês e graciosa galantaria.
Fonte: Alexandre de
Carvalho Costa, Marvão,
suas freguesias rurais e alguns lugares, Câmara Municipal
de Marvão, pág.49-50, 1982