Eram seres terríveis,
a qualquer hora do dia ou da noite. Eram velhas muito feias que só tinham artes
de fazer o mal, em especial às crianças. Particularmente quando as crianças
eram muito bonitas.
Coitadinhas, se
fossem vistas por uma bruxa ficavam logo doentes (era o mau olhado) e algumas até morriam.
Parece-nos hoje
(2001) impossível que alguém acreditasse que uma pobre mulher pudesse causar
doença a alguém só através do olhar; mas é um facto bastante recente que
algumas pessoas associavam uma situação de doença de um familiar ao facto de
simplesmente se ter cruzado (ou sido visto) por uma bruxa.
Chegava a haver casos
em que a própria mãe era considerada bruxa pela própria filha, que a impedia de
ver os netos (pequenos e bonitos).
A bruxa era sempre
uma mulher velha a quem se queria mal, e ela vingava-se causando todos os males
em árvores que se secavam ou nunca davam fruto, a qualquer animal que adoecia
ou morria, além de poder a família toda doente!
Para além disso
apareciam de noite, com uma lanterna e uma vassoura, sobre a qual cavalgavam
loucamente atravessando ribeiras, sem se molhar. Outras vezes juntavam-se
várias bruxas numa encruzilhada onde dançavam e aí, desgraçado de quem por ali
passasse.
Fonte: Alegrete : histórico, urbano e rural –
João Manuel Marques Parente - pág. 79 – 2003 – Edições Colibri