O município de Mora,
um dos concelhos do Alentejo mais ricos em vestígios megalíticos, pretende
criar um museu interactivo dedicado ao tema, aproveitando a recuperação da
antiga estação ferroviária da vila. “Estamos a pensar em
reunir toda essa riqueza arqueológica centrada na arte megalítica num único
equipamento para a mostrarmos ao público com recurso às novas tecnologias”,
adiantou à Lusa o presidente da câmara, Luís Simão.
O objectivo é criar
um Museu Interactivo de Megalitismo que proporcione “uma experiência diferente”
aos visitantes, que não seja baseada apenas na exposição de peças e artefactos. “Queremos um museu em
que as pessoas sejam envolvidas nesse ambiente pré-histórico e possam ter
experiências únicas, que mexam com os seus vários sentidos”, acrescentou.
A ideia de criar este
museu insere-se na recuperação da antiga estação de comboios da CP e a sua
divulgação, por parte do município, coincide com o lançamento da Carta
Arqueológica do concelho. O livro O Tempo das
Pedras - Carta Arqueológica de Mora é da autoria de Leonor Rocha, arqueóloga e
professora da Universidade de Évora, e dá a conhecer a riqueza megalítica
daquela zona alentejana.
Um potencial que a
arqueóloga diz ser “interessante” valorizar através de um museu, até porque a
autarquia “tem vindo a investir em megalitismo, ininterruptamente, desde há
duas décadas”, o que “não é muito comum” em Portugal.
"A ideia tem
vindo a germinar e faz todo o sentido”, sobretudo num formato interactivo. “As
pessoas estão, neste momento, muito mais ligadas a museus que sejam dinâmicos,
com recurso a imagens e sons e onde podem ver coisas diferentes”, frisou Leonor
Rocha.
Segundo o autarca de
Mora, está em curso o processo para “seleccionar o gabinete de arquitectura que
vai elaborar o projecto de recuperação da estação ferroviária”, numa obra que
deverá rondar os “dois milhões de euros”.
Naquele antigo espaço
da CP, a par do museu sobre megalitismo, o projeto engloba a instalação da
associação Estação Imagem, dedicada à fotografia, de uma zona de biblioteca e
outra de computadores e do arquivo municipal.
“A parte mais
importante e atractiva é a do núcleo museológico do megalitismo, mas o
município só vai avançar com o projecto se existirem apoios comunitários”,
alertou. A candidatura deverá
ser apresentada a financiamento comunitário “em Abril ou Maio do próximo ano”,
admitiu Luís Simão, que gostaria de ver as obras arrancarem “em 2013, para
estarem concluídas em 2014”.
Leonor Rocha realçou
que Mora é um dos concelhos do Alentejo com “grande diversidade e quantidade de
sítios arqueológicos a nível da pré-história, entre o neolítico e o calcolítico
ou bronze inicial”.
“Tem uma grande
expressividade de monumentos megalíticos, como antas ou menires, que estão
muito bem conservados e alguns deles são excepcionais”, assegurou a arqueóloga,
que trabalha na zona desde 1994 e que, na carta arqueológica, compilou 100 anos
de investigação no concelho.
Fonte: Jornal Público,
http://poresteraiacima.blogspot.pt/2012/11/camara-de-mora-quer-museu.html
(Desenho de José Pinto
Nogueira)
Passados dois anos, presidente
da Câmara de Mora, http://www.antenasul.pt/index.php?q=C%2FNEWSSHOW%2F3463 Luís Simão,
afiança à Agência Lusa que o futuro Museu do Megalitismo vai ser um
"equipamento inovador" e de "referência a nível nacional",
realçando que o espaço vai possibilitar aos visitantes "sentirem-se
envolvidos por aquela época".
"Museus onde
estão expostas peças megalíticas há muitos, mas nós, além disso, queremos ir
mais longe, porque os museus afirmam-se pela diferença", afirma, avançando
que uma das principais "atrações" será um holograma de um homem das
cavernas.
O futuro Museu do
Megalitismo vai ocupar as antigas instalações da estação ferroviária de Mora e
um edifício que está a ser construído de raiz num espaço contíguo.
A obra envolve um
investimento global de 2,5 milhões de euros, sendo financiada a 85 por cento
por fundos comunitários e o restante pelo Município.
O autarca alentejano
indica que os trabalhos já arrancaram no terreno e que estão a decorrer em
"bom ritmo", referindo que, actualmente, "estão a ser feitas as
fundações do novo edifício e demolições no edifício da antiga estação".