quinta-feira, 24 de julho de 2014

Bom Dia Alentejo, Mora, Museu do megalítico, Mora que ele nasce

 
O município de Mora, um dos concelhos do Alentejo mais ricos em vestígios megalíticos, pretende criar um museu interactivo dedicado ao tema, aproveitando a recuperação da antiga estação ferroviária da vila. “Estamos a pensar em reunir toda essa riqueza arqueológica centrada na arte megalítica num único equipamento para a mostrarmos ao público com recurso às novas tecnologias”, adiantou à Lusa o presidente da câmara, Luís Simão.
O objectivo é criar um Museu Interactivo de Megalitismo que proporcione “uma experiência diferente” aos visitantes, que não seja baseada apenas na exposição de peças e artefactos. “Queremos um museu em que as pessoas sejam envolvidas nesse ambiente pré-histórico e possam ter experiências únicas, que mexam com os seus vários sentidos”, acrescentou.
A ideia de criar este museu insere-se na recuperação da antiga estação de comboios da CP e a sua divulgação, por parte do município, coincide com o lançamento da Carta Arqueológica do concelho. O livro O Tempo das Pedras - Carta Arqueológica de Mora é da autoria de Leonor Rocha, arqueóloga e professora da Universidade de Évora, e dá a conhecer a riqueza megalítica daquela zona alentejana.
Um potencial que a arqueóloga diz ser “interessante” valorizar através de um museu, até porque a autarquia “tem vindo a investir em megalitismo, ininterruptamente, desde há duas décadas”, o que “não é muito comum” em Portugal.
"A ideia tem vindo a germinar e faz todo o sentido”, sobretudo num formato interactivo. “As pessoas estão, neste momento, muito mais ligadas a museus que sejam dinâmicos, com recurso a imagens e sons e onde podem ver coisas diferentes”, frisou Leonor Rocha.
Segundo o autarca de Mora, está em curso o processo para “seleccionar o gabinete de arquitectura que vai elaborar o projecto de recuperação da estação ferroviária”, numa obra que deverá rondar os “dois milhões de euros”.
Naquele antigo espaço da CP, a par do museu sobre megalitismo, o projeto engloba a instalação da associação Estação Imagem, dedicada à fotografia, de uma zona de biblioteca e outra de computadores e do arquivo municipal.
“A parte mais importante e atractiva é a do núcleo museológico do megalitismo, mas o município só vai avançar com o projecto se existirem apoios comunitários”, alertou. A candidatura deverá ser apresentada a financiamento comunitário “em Abril ou Maio do próximo ano”, admitiu Luís Simão, que gostaria de ver as obras arrancarem “em 2013, para estarem concluídas em 2014”.
Leonor Rocha realçou que Mora é um dos concelhos do Alentejo com “grande diversidade e quantidade de sítios arqueológicos a nível da pré-história, entre o neolítico e o calcolítico ou bronze inicial”.
“Tem uma grande expressividade de monumentos megalíticos, como antas ou menires, que estão muito bem conservados e alguns deles são excepcionais”, assegurou a arqueóloga, que trabalha na zona desde 1994 e que, na carta arqueológica, compilou 100 anos de investigação no concelho.

(Desenho de José Pinto Nogueira)
Passados dois anos, presidente da Câmara de Mora, http://www.antenasul.pt/index.php?q=C%2FNEWSSHOW%2F3463  Luís Simão, afiança à Agência Lusa que o futuro Museu do Megalitismo vai ser um "equipamento inovador" e de "referência a nível nacional", realçando que o espaço vai possibilitar aos visitantes "sentirem-se envolvidos por aquela época".
"Museus onde estão expostas peças megalíticas há muitos, mas nós, além disso, queremos ir mais longe, porque os museus afirmam-se pela diferença", afirma, avançando que uma das principais "atrações" será um holograma de um homem das cavernas.
O futuro Museu do Megalitismo vai ocupar as antigas instalações da estação ferroviária de Mora e um edifício que está a ser construído de raiz num espaço contíguo.
A obra envolve um investimento global de 2,5 milhões de euros, sendo financiada a 85 por cento por fundos comunitários e o restante pelo Município.
O autarca alentejano indica que os trabalhos já arrancaram no terreno e que estão a decorrer em "bom ritmo", referindo que, actualmente, "estão a ser feitas as fundações do novo edifício e demolições no edifício da antiga estação".