Olhando assim para
ela, se pode ver seis arcos de volta redonda, iguais entre si e compostos, nas
frentes, por trinta e três aduelas e traspassando os tímpanos desses arcos.
Há cinco olhais em
forma de pórtico, com os pés direitos de silharia e o arco a de meio ponto,
constituído por três aduelas verdadeiras e silhar horizontal de cada lado, com
o topo do vivo já perfilhado em curva.
Na base, de cada
pegão em redor dele quase junto à água, há uma faixa saliente, constituída ela
por duas fortes molduras (filete e talão), faixa que representa o papel de
imposta relativamente a cada arco.
Como a ponte é
rigorosamente horizontal, logo por cima do fecho de cada arcada, corre a todo o
comprimento, do lado jusante, uma cornija, uma cornija muito robusta, duma
composição igual à faixa dos pegões.
Nesta ponte, nesta
grandiosa ponte aqui neste Alentejo do norte, os cortamares são agudos e assim
baixos; uma fiada apenas acima da faixa da imposta.
As guardas, estas, as
da ponte, de uma enorme robustez e amplidão, podendo andar-se sobre elas, e
assentando elas sobre a cornija ou friso; do lado do montante esse friso,
porém, não é contínuo como o de jusante, mas interrompido com inteira
regularidade por gárgulas salientes; de modo que a um silhar da cornija se
segue uma gárgula: logo o outro silhar e outra gárgula.
Não, não é um
quilómetro. Embora ela possa parecer ter um quilómetro, não é assim um
quilómetro que ela tem. O seu comprimento, a distância entre as duas margens
deste tabuleiro, o intervalo é de 116,56m.
A altura, a sua elevação,
da aresta das guardas à superfície da água, a medida é 8,40m; a largura da
ponte, tomada nas abóbadas, 6,71; diâmetro de um arco, 8,95; altura das aduelas
dos arcos, 1,00; menor espessura destas, 0,45; largura das guardas, 1,05;
altura das guardas sobre o pavimento, 1,35.
Os cunhais, num dos
cunhais que fecham o arco principal, existe esculpida uma meia-lua,
possivelmente referente a um dos lugares, por onde, esta via militar romana
passava, possivelmente vos direi amigos meus, Abelterium ou Aritium Praetorium.
Situada e se
estendendo sobre a ribeira de Seda amigos meus, a 12 quilómetros da mui bonita
a doce vila de Alter, na estrada que vai desta vila a Chança e a terras de
Ponte de Sor, ela está ela, majestosa, que é ponte, é a ponte de Vila Formosa.
Foi lá assim que é
muita longe, no tempo dos compadres romanos, os compadres que vinham
construindo uma via militar que vinha de Lisboa, ao chegarem a estas melosas
terras, lá certamente aguentaram os cavalos, lá coçaram na cabeça sua, que
certamente lá decidiram, vamos agora fazer uma, uma ponte para toda a
eternidade. A fizeram…
Depois, sentindo a
obra que é obra perfeita, compadres eles lá seguiram, eles lá partiram. Partiram
para terras de Espanha, para as terras de Mérida, eles lá passaram a ribeira de
Seda, eles cá deixaram Ponte de Vila Formosa.
Fonte: De Páginas
Arqueológicas, Félix Alves Pereira, Vol. VII, 1912.
Bom Dia Alentejo!