quarta-feira, 9 de julho de 2014

Bom Dia Alentejo, Ponte de Vila Formosa, Alter do Chão, a terra na pura Seda ou a Chança da terra na Formosa

 
Olhando assim para ela, se pode ver seis arcos de volta redonda, iguais entre si e compostos, nas frentes, por trinta e três aduelas e traspassando os tímpanos desses arcos.
Há cinco olhais em forma de pórtico, com os pés direitos de silharia e o arco a de meio ponto, constituído por três aduelas verdadeiras e silhar horizontal de cada lado, com o topo do vivo já perfilhado em curva.
Na base, de cada pegão em redor dele quase junto à água, há uma faixa saliente, constituída ela por duas fortes molduras (filete e talão), faixa que representa o papel de imposta relativamente a cada arco.
Como a ponte é rigorosamente horizontal, logo por cima do fecho de cada arcada, corre a todo o comprimento, do lado jusante, uma cornija, uma cornija muito robusta, duma composição igual à faixa dos pegões.
Nesta ponte, nesta grandiosa ponte aqui neste Alentejo do norte, os cortamares são agudos e assim baixos; uma fiada apenas acima da faixa da imposta.
As guardas, estas, as da ponte, de uma enorme robustez e amplidão, podendo andar-se sobre elas, e assentando elas sobre a cornija ou friso; do lado do montante esse friso, porém, não é contínuo como o de jusante, mas interrompido com inteira regularidade por gárgulas salientes; de modo que a um silhar da cornija se segue uma gárgula: logo o outro silhar e outra gárgula.
 

Não, não é um quilómetro. Embora ela possa parecer ter um quilómetro, não é assim um quilómetro que ela tem. O seu comprimento, a distância entre as duas margens deste tabuleiro, o intervalo é de 116,56m.
A altura, a sua elevação, da aresta das guardas à superfície da água, a medida é 8,40m; a largura da ponte, tomada nas abóbadas, 6,71; diâmetro de um arco, 8,95; altura das aduelas dos arcos, 1,00; menor espessura destas, 0,45; largura das guardas, 1,05; altura das guardas sobre o pavimento, 1,35.
Os cunhais, num dos cunhais que fecham o arco principal, existe esculpida uma meia-lua, possivelmente referente a um dos lugares, por onde, esta via militar romana passava, possivelmente vos direi amigos meus, Abelterium ou Aritium Praetorium.
Situada e se estendendo sobre a ribeira de Seda amigos meus, a 12 quilómetros da mui bonita a doce vila de Alter, na estrada que vai desta vila a Chança e a terras de Ponte de Sor, ela está ela, majestosa, que é ponte, é a ponte de Vila Formosa.
Foi lá assim que é muita longe, no tempo dos compadres romanos, os compadres que vinham construindo uma via militar que vinha de Lisboa, ao chegarem a estas melosas terras, lá certamente aguentaram os cavalos, lá coçaram na cabeça sua, que certamente lá decidiram, vamos agora fazer uma, uma ponte para toda a eternidade. A fizeram…
Depois, sentindo a obra que é obra perfeita, compadres eles lá seguiram, eles lá partiram. Partiram para terras de Espanha, para as terras de Mérida, eles lá passaram a ribeira de Seda, eles cá deixaram Ponte de Vila Formosa.
Fonte: De Páginas Arqueológicas, Félix Alves Pereira, Vol. VII, 1912.
Bom Dia Alentejo!