«Quando era ainda muito novo, ouvia falar nesta cobra
encantada, havendo então pessoas que afirmavam terem-na visto numa manhã de S.
João e que apresentava uma trança de cabelo como a de uma mulher.
Seria uma das mouras encantadas que a crendice popular
criava e que continuava a aguardar o momento de ser quebrado o seu encanto?
Procurei indagar o que constava, mais circunstanciadamente, sobre esta cobra encantada e recordo-me de que muita gente se impressionava ao passar, depois de anoitecer, pelo sítio onde se dizia que ela costumava aparecer na manhã do dia de S. João, até ao meio dia.
Em 1939 uma mulher humilde deu-me a informação de que a sua tia Domingas Roupa, nascida em Ficalho no ano de 1939, lhe tinha dito que, ao deixar-se dormir de noite, sonhava que via uma grande cobra que lhe pedia para a deixar lamber os santos olhos e que, depois, lhe indicaria onde estava escondida uma grande fortuna, na Horta de Cima, ao pé da nascente de água que lá existe.
Procurei indagar o que constava, mais circunstanciadamente, sobre esta cobra encantada e recordo-me de que muita gente se impressionava ao passar, depois de anoitecer, pelo sítio onde se dizia que ela costumava aparecer na manhã do dia de S. João, até ao meio dia.
Em 1939 uma mulher humilde deu-me a informação de que a sua tia Domingas Roupa, nascida em Ficalho no ano de 1939, lhe tinha dito que, ao deixar-se dormir de noite, sonhava que via uma grande cobra que lhe pedia para a deixar lamber os santos olhos e que, depois, lhe indicaria onde estava escondida uma grande fortuna, na Horta de Cima, ao pé da nascente de água que lá existe.
Este tesouro, segundo a descrição do sonho, encontrava-se
dentro de um caixão cintado com ferro, contendo também duas jarras verdes. Para
desencantar tudo isto era preciso ir lá à uma hora da noite, levando na sua
companhia duas Marias virgens, mas nunca teve ânimo para se dirigir àquele
local à hora atrás indicada.
A minha informadora disse-me mais que a sonhadora chegou a andar um pouco transtornada do sentido e que só deixou de sonhar com a cobra encantada a poder de rezas e de promessas que se fizeram.»
A minha informadora disse-me mais que a sonhadora chegou a andar um pouco transtornada do sentido e que só deixou de sonhar com a cobra encantada a poder de rezas e de promessas que se fizeram.»
Fonte: António
Ferreira Lopes, Contos e Lendas Populares e de Transmissão Oral na
Serra da Adiça, in: Arquivo de Beja, vol. XIV, serie III, Câmara
Municipal de Beja, p.65, 2000.
Bom
Dia Alentejo!