Na zona de Arraiolos
e diz a lenda, e dizem que foi verdade, porque nós sabemos que as lendas têm
uma base verdade mas depois; enfim, será verdade ou ficção?
Mas a Sempre Noiva há
uma parte que é verdade, que existe. A história da sempre noiva é assim:
(Arraiolos, conhece
Arraoilos? Tem o castelo ao pé de Évora. Arraiolos é uma aldeia histórica
lindíssima, à beira da estrada que vai para Espanha. Não sei se conhece
Arraiolos, mas vale a pena ir porque aquilo é lindo. Arraoilos tem o convento
da Nossa Senhora da Conceição. E é a aldeia dos tapetes de Arraiolos. Sabe que
ali havia muitas lendas).
Nessa zona, há uma
rapariga muito bonita que mora no campo e no monte, que existe ainda hoje entre
Arraiolos e a estrada de Montemor. E esse monte chama-se Sempre Noiva. Hoje é o
nome dele que vem da lenda.
Uma rapariga muito
bonita morava aí nesse monte. Não sabia ler, não sabia escrever, vivia com os
pais que estavam no campo. O pai guardava gado. E acontece que ela nunca saiu
de lá.
Mas um dia um
cavaleiro andou nas suas cavalgadas naquela zona e viu a rapariga e ficou
apaixonado. De maneira que decidiu casar com ela e fala com os pais para casar.
E os pais dizem:
- Impossível!
Porque ele era um
cavaleiro nobre que vivia em Arraiolos, no castelo, e eles estavam no vale,
naqueles montes baixinhos. E ele dizia:
- É, eu vou falar aos
meus pais, eu vou casar com ela. Eu venho.
Marcaram a data,
marcaram tudo e ele foi falar aos pais.
Evidentemente que a
rapariga no dia do casamento que estava previsto, vestiu-se de noiva e ficou no
monte à espera dele. Até hoje.
Nós dizemos que ele
não voltou mais. E segundo a lenda, era os pais não queriam que ele casasse com
aquela rapariga do campo, se calhar, filha de um porqueiro ou de um pastor.
Enfim.
De maneira que ela
ficou vestida de noiva toda a vida, até morrer naquele monte. Segundo a lenda,
ela está enterrada lá e segundo a lenda, ela aparece lá.
Esse monte foi
baptizado a Sempre Noiva, e todos os donos desse monte mantiveram o monte
sempre caiadinho de branco. Não há outra cor em lado nenhum, nem amarelo, nem o
azul dos montes. É branco em todo o lado porque cada pessoa que adquire aquilo
via as aparições de Sempre Noiva. E a tal bela aparecia vestida de noiva e
essas terras chamam-se ainda hoje A Sempre Noiva porque ela ficou vestida de
noiva à espera do célebre cavaleiro que não voltou.
Ana Azevedo, A
Literatura Oral na Comunidade Emigrante Portuguesa em Montreal, Faro, Universidade
do Algarve, 2002 , p. 139
Bom Dia Alentejo!