Dizem que foi D.
Sancho I, e ainda outros historiadores nos indicam que foi fundada por D. João Peres de Alboim ou Aboim, notabilíssimo fidalgo, muito
rico, muito ilustrado e poeta, do qual existem ainda na Colecção Vaticana treze
canções amorosas e duas sátiras, e que foi com D. Maria Afonso, de que houve um
filho D. Pedro Anes de Portel; e era filho de D. Pedro Reys da Nóbrega e de D.
Urraca Gil, neto de D. Ourigo, respeitável velho da Nóbrega, fidalgos nobilíssimos,
senhores do Castelo e Vila de Nóbrega.
Havia neste concelho
de Nóbrega quase cinco léguas distantes da cidade de Braga, próximo do rio Lima,
uma freguesia dedicada a Nossa Senhora de
Aboim, da qual os nobres fidalgos da Nóbrega,
eram muito devotos; e, por devoção à mesma Senhora, deram a seu filho D. João o apelido de Aboim, nome que mais tarde deu aqui, à
sua Vila de Boim, que com o decorrer
dos anos ficou VILA BOIM. (…).
Construiu o Castelo de Portel, fundou aqui a sua Vila, no ano de 1262: - por mercê de D.
Afonso III, ele mesmo lhe deu foral como vila sua, o que fez em Évora, com o
seu filho D. Pedro Anes de Portel.
De Vila Boim – artigo inserto no semanário
estremocense – Brados do Alentejo –
de Outubro de 1932 – da autoria de Manuel Raul Valadas.
No Alentejo fundado
no século XIII por D. João de Aboim, descendente
de uma família do Minho, onde havia o lugar de ABOIM, que se tornou apelido, como representante de Abolini.
Outro nome proveniente do genitivo e pertence ao Sul é Paderne, que, ou ascende a Idade Média
ou data do tempo posterior à reconquista, originando de modo semelhante a ABOIM.
Vemos aqui um facto
curioso: tornar-se um nome de pessoa (Abolini,
no genitivo) nome de lugar (ABOIM), e
tornar-se este nome de lugar nome de pessoa ou apelido (D. João de Aboim) por (VILA
DE ABOIM). Isto acontece frequentemente. E até seria estranho que alguém
natural de VILA BOIM pudesse
chamar-se hoje Fulano de Aboim.
Dos Opúsculos – Vol. III – Onomatologia – (1931) – Pág. 151 – pelo
Doutor J. Leite de Vasconcelos.
Foto: http://aprenderbrincando.no.sapo.pt/images/povo.jpg
Numa herdade chamada Moçarava teve princípio VILA BOIM, fundada por D. João Peres de ABOIM, ou AVOIM.
Não sabemos se a
palavra Moçarava (tal como a
encontramos escrita), tenha alguma coisa com Mozárabe, isto é, tomada como árabe, ou que tomou aparências de
árabe.
No Livro dos bens de D. João de Portel,
cartulário do século XIII, publicado por Pedro A. de Azevedo e com uma “notícia
histórica” por Anselmo Braamcamp Freire, consta que D. João Peres de ABOIM foi também conhecido por D. João de Portel, por ter sido senhor
desta vila.
A mesma obra – amigos
meus do mundo – informa, na “notícia histórica”, que foi Elvas um dos concelhos
que deram cartas de vizinhança e herdamento, ou de simples herdade, a D. João
de Aboim; que por carta de Fevereiro de 1256, o alcaide, juízes, sesmeiros e
concelho da vila de Elvas fizeram nova doação de herdamento no termo, junto à
outra herdade primitivamente doada; que por esses tempos também o concelho
doara herdade no termo, entre Moçarava e Alcarapinha, ao convento de S. Vicente
de Lisboa, o qual o trespassou em 1260 a D. João de Aboim; que pouco depois por
carta de Janeiro de 1264, confirmaram as justiças de Elvas as precendentes
doações da herdade antes chamada de Moçarava e já então designada por VILA BOIM, com a condição dos gados,
tanto do concelho, como do fidalgo, pastarem e beberem livremente nas terras
dum e doutro, sicut boni vicini,
sendo esta carta de vizinhança e herdamento confirmada por D. Afonso III em
Lisboa, a VIII das calendas de Março de 1302 (22 de Fevereiro de 1264).
Segundo A. Braamcamp
Freire, baseado no cartulário, a doação da herdade de Moçarava só podia ter
tido lugar depois de Janeiro de 1248, quando pela morte de D. Sancho II quando
seu irmão em pacífica posse do reino, e provavelmente depois da conquista do
Algarve em 1250, pois que deste ano em diante é que o valido D. João de Aboim
pode começar a dar expansão ao seu génio cobiçoso.
O certo é, que, em
1256, o concelho de Elvas tornou a fazer nova doação da herdade junto da
primeira, e por este instrumento sabemos que ela era já situada no termo da
vila, no lugar chamado Moçarava, o qual já tinha o nome de VILA BOIM. Já estava a vila fundada e nela se via edificada, pelo
menos dois anos antes, a igreja de S. João, sua matriz.
D. João Peres de
Aboim foi mordomo-mor de D. Afonso III.
Restituídos os
Braganças ao reino, em 1496, VILA BOIM
passou a pertencer à Casa de Bragança. Aires Varela informa que estava em poder
de Rui Lobo Cabeça de Pau, que a vendeu ao Sereníssimo duque D. Fernando.
Um documento de 8 de
Março de 1370 nomeia Vasco Fernandes, comendador de Borba, para alcaide-mor de VILA BOIM, mas a categoria de concelho
só lhe foi dada em 14 de Julho de 1374, em que se desligou do termo de Elvas. O
concelho de VILA BOIM foi extinto e
anexo ao concelho de Elvas por decreto de 6 de Novembro de 1836.
VILA BOIM teve
foral, que lhe foi dado em Lisboa por D. Manuel I a 1 de Julho de 1518.
De VILA BOIM avistam-se Vila Viçosa e
Borba. Teve castelo, onde esteve hospedado Filipe II, pagando a visita à
duquesa de Bragança, e o mesmo castelo foi ocupado em 1658 pelos castelhanos,
quando se preparavam para sitiar Elvas.
De Elvas – Estudos de Toponímia – O nome
da cidade, a origem dos nomes das freguesias do concelho. Outros pormenores – por Domingos
Lavadinho – Elvas – (1950). – Pág. 34-36.