quinta-feira, 30 de junho de 2016

Bom Dia Alentejo, a Ponte sobre o rio Sor, Estação da Cunheira a olá Vale da Feiteira

 
Durante longos anos, o povo da freguesia da Comenda sonhou com a construção de uma ponte sobre o rio Sôr que facilitasse o acesso à estação da Cunheira. A velha ponte mourisca ou do Sourinho, como era conhecida, com o seu acesso norte em passadeiras, encontrava-se em ruínas e não permitia atravessar o rio mesmo com águas médias.
Era realmente urgente construir uma ponte que permitisse passagem segura a peões e viaturas. Essa necessidade tornou-se mais notória a partir dos anos vinte, quando a indústria corticeira se expandiu em todo o país.
 
 
Nessa época era feitor da casa Henry Buckall & Sons (Polvorosas) o senhor João Lopes, que nesses anos fez parte da Edilidade Camarária como vereador. Sem dúvida alguma, a ele se deve o arranque desta obra que atrás referi. No entanto, não devemos esquecer que a casa que representava tinha grande interesse nessa construção.
A reunião da Câmara aprova a construção da ponte, mas era necessário encontrar alguém que se responsabilizasse pela sua construção ou a aceitasse de empreitada.

 
Na altura da inauguração em 1930, tinha eu sete anos de idade e ainda recordo algumas coisas. Para construir essa grande obra não foi necessário contactar empresas de fundações, não foi necessário engenheiro ou arquitecto para elaborar a planta e fazer cálculos. Tudo isso fez o nosso mestre José Alves, assim era conhecido.
A ponte mede aproximadamente 96 metros de comprimento, 5 de largura e 9,5 de altura, com dois arcos de 7 metros cada em pedras facetadas de granito perfeitamente ajustadas. Merece pois o nosso respeito e admiração.
 
 
Não consegui encontrar na Junta de Freguesia elementos que me permitissem saber o ano exacto do início da construção. Apenas se sabe que o peditório público se realizou em 1928 e em 1930 foi inaugurada.
Porém, profetas da desgraça, vaticinaram a sua derrocada para as próximas grandes cheias. Nos primeiros dias de 1931, sucedeu uma dessas. Toda a noite de Domingo para Segunda-feira choveu copiosamente, ninguém pôde sair para o trabalho porque a chuva não parava de cair. Alguns mais curiosos foram apreciar o panorama e depressa chegaram as notícias : «os arcos da ponte estão quase cobertos»; outros diziam que o barulho da água metia medo; outros ainda que a ponte tremia, etc.
 
 Mestre José Alves encontrava-se à porta da taberna do seu vizinho José Chamiço e deve ter sentido um calafrio, mas para se acalmar mandou encher uns copos de vinho e disse em voz firme : «a ponte está bem construída e não vai cair». E não caiu. José Alves Pires da Silva, seu nome completo, era na verdade um grande mestre.
A ponte não caiu, como afirmou o mestre, passados 58 anos carece de uma pequena reparação.

Fonte: António Martinho Margarido, in «Comenda», número 192, 4 de Dezembro de 1988

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Bom Dia Alentejo, a Ribeira do Cubo, a Ponte do Cubo, a terra de Monforte

 

Esta ponte sobre a ribeira do Cubo – compadres e minhas comadres - é geralmente designada como "ponte do Cubo". A cerca de 1500m para NE da Vila de Monforte, vos digo a vossemecês, ela localizada e viva.
Relativamente à data de construção da ponte, não se possuem dados seguros, até porque as únicas referências que se conhecem, até ao momento, são as constantes da Monografia Geral do Concelho de Monforte.
Presentemente, e sem dados fiáveis, considera-se esta ponte como medieval/moderna.
Ela tem 15,50 metros de comprimento e 2,15 metros de largura máxima. Possui dois arcos. Conserva guardas em alguns troços e o tabuleiro apresenta ainda vestígios do pavimento, em pequenas pedras irregulares.
A sua orientação, ela é sensivelmente SW-NE.
Fonte: arqueologia.patrimoniocultural.pt

terça-feira, 21 de junho de 2016

Bom Dia Alentejo, a uma igreja, Igreja de Nossa Senhora do Castelo, a da terra de Aljustrel

 
Foto: static.panoramio.com/photos/original/3583776.jpg
Ermida de peregrinação, compadres e minhas comadres, uma ermida de peregrinação, situada ela no concelho de Aljustrel, antecedida por um escadório monumental, uma arcada e um terreiro.
Ao seu lado, se dirá a vossemecês,  jazem as ruínas do castelo de Aljustrel, que foi construído por habitantes árabes entre os séculos VIII e XII, possivelmente no local de antigo castro romanizado. Foi edificada provavelmente no século XVI/XVII.
Passado um século, assim para lado de cem anos, foi aumentado o espaço da nave pela inclusão da antiga galilé e foram construídos o arco e o escadório de acesso.
A igreja possui planta composta pelos retângulos justapostos da nave e da capela-mor, sendo esta menor, com anexos também retangulares, correspondentes à sacristia e primitiva casa dos romeiros, hoje habitação particular.
Foi, foi compadres e minhas comadres, foi, foi decretada Imóvel de Interesse Público.
  Foto: Alma Portuguesa, o Blogue “alma-portuguesa.tumblr.com


Bom Dia Alentejo, o Relógio de Sol, o Jardim Dr. Santiago, o relógio está em Moura

 
Foto: DanielTeix, panoramio.com/photo/59207747

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Bom Dia Alentejo, Gáfete, capela de São Marcos, boi um dia não foi benzido

 
Conta o grande etnógrafo José Leite de Vasconcelos no vol. VIII da sua ETNOGRAFIA PORTUGUESA:
"Estive em Gáfete, em 25 de Abril de 1922, e assisti. De Gáfete, saiu uma procissão do adro da igreja para a tal capela, a um quilómetro. Vai a Irmandade de S. Marcos e ainda três padres, que vão cantar a missa na capela, e o sacristão, mas neste ano, não foram os irmãos. Ao pé da capela, num curral, estava o boi, que é, como disse, um bezerro.
Os irmãos foram, de opa branca, buscá-lo, e com uma varinha para o tocar, e puseram-no debaixo do alpendre ou galilé. Aí um padre benzeu-o e o boi entrou. Depois, ao pé do altar, era costume o padre dar na cabeça do animal com uma cruz de pau. Seguiu-se missa cantada e sermão. Logo que o boi sai da igreja, e lhe dão comida, leiloam-no e o produto, com as esmolas, é para a festa".
Mas em 1924, já alvorecia o 28 de Maio de 1926, o bispo de Portalegre, D. Domingos Maria Frutuoso, decidiu proibir tais práticas nas igrejas da sua diocese...
 
E é pois compadres e minhas comadres, o próprio Boletim da Diocese de Portalegre que reconhece que o bispo " foi obedecido em todas as freguesias exceptuando apenas a de GÁFETE, em que uma parte do povo se amotinou, vociferando na capela do santo injúrias contra o pároco por se opôr a que se levásse a efeito o que superiormente estava proibido. Disseram mesmo que o Bispo nada tinha com aqueles costumes e que O POVO É QUE MANDAVA.
E o bispo retaliou:
Em ofício ao padre de Gáfete, proíbe-o de" exercer qualquer acto de culto dentro dos limites da dita freguesia, a não ser a administração dos últimos sacramentos aos moribundos e a assistência aos funerais, devendo os fiéis, para tudo o mais, recorrer à freguesia de Tolosa.
Outrossim proibe que qualquer Sacerdote celebre missa dentro dos limites da freguesia de Gáfete, quer de semana quer aos domingos, sem licença Sua, concedida por escrito".
Mas passado pouco tempo, "uma representação de pessoas gradas da freguesia, dando as satisfações devidas" dirigiu-se às autoridades competentes " pelo que foi levantada a proibição e restabelecido o culto"
“ A Festa de S. Marcos e a religiosidade Popular" de Rui Arimateia,  revista IBN MARUÁN, nº 2-1992

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Bom Dia Alentejo, Outeiro, Belver, a Ponte, o Lagar... e assim lá uma Azenha

 
 
Ponte – compadres e comadres – ponte, situada na Ribeira de canas, com apenas um arco, que servia de travessia para as populações atravessarem o ribeiro e terem acesso ao lagar e azenha. Assim vossemecês podereis ver, a ponte tá assim um pouco destruída no tabuleiro, assim bocadito doente.

 
Ainda dá para ver, os antigos caminhos de acesso, mas como não são limpos, o acesso a este local torna-se um pouco difícil. Espero, assim o deixo sair do meu coração que um dia a Câmara Municipal do Gavião faça limpeza ao local e torne um local de Percursos Pedestres, visto, nesta ribeira, que junto a esta ribeira, há muito para descobrir…

 
Junto há ponte, pode-se ver um antigo lagar e uma azenha, ambas usavam a força da água. O Lagar apenas se vê as paredes, as tulhas e um pilar ao meio. Já não se vê a grande roda de metal ou talvez de madeira.


Na azenha ainda dá para ver as rodas de pedra e os locais por onde a água passava para fazer rodar as pás e daí moer o milho ou trigo e fazer a farinha.
 
Não muito longe da azenha há outro ribeiro, onde se situava outra ponte, possivelmente também romana, mas infelizmente os anos não perdoam e esta ponte acabou por ruir.