Conta-se que uma
certa noite, - mês compadres e minhas comadres - já a obra do Convento de
Castelo de Vide ia muito adiantada, - sabeis - irrompe um incêndio, que devasta
tudo o que já estava feito.
O povo acorre bem
depressa. As labaredas levavam tudo à sua frente, e o armazém de pólvora ficava
ali bem perto. A água estava longe e difícil de carregar, pois era preciso ir
buscá-la à fonte da vila, à fonte do Rossio ou ainda à fontinha de Santa Ana.
Tudo parecia perdido.
Então, toda a população se voltou para a Igreja da Senhora da Alegria e, numa
explosão de fé, implorou à Senhora que lhe acudisse.
Como que por encanto,
o incêndio extinguiu-se.
No outro dia, toda a
gente se reuniu em frente da Igreja da Senhora da Alegria para rezar e
agradecer tão magnânima protecção.
E todos quiseram
beijar-lhe os pés, mal se atrevendo a olhar o seu rosto. De súbito, alguém que
agarrava o manto de púrpura e ouro que cobre a imagem grita:
— Milagre, milagre!
Uma das pontas do
manto estava queimada, porque a santa com ele havia apagado o fogo.
Fonte:
Fernanda Frazão, Passinhos de Nossa Senhora - Lendário Mariano Lisboa, 2006,
Apenas Livros, p.107-108