segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Bom Dia Alentejo, Sarapatel, Sopas de Sarapatel, ai vai vai

Mas falemos do sarapatel, compadres e minhas comadres, mas falemos do sarapatel, do genuíno prato da região alentejana, ai ele feito com o pão caseiro, com a carne, as vísceras e o sangue de borregos criados, ai criados nos nossos campos alentejanos. Ai mas eu vos o diga, que bom e belo que assim muita saboroso…
O primeiro cuidado a ter na pré-preparação do sarapatel, tem a ver, compadres e minhas comadres, obviamente, com a escolha do borreguinho (refira-se que há quem o prepare, sem desvantagem, com cabrito), ao qual vamos extrair os elementos cárnicos adequados à execução do pitéu; que, regra geral, se cozinha para largo número de comensais, já que o sarapatel é um prato convivial, um prato de festa.
Dizíamos, pois, que o anho (ou o cabrito) tem de ser um animal saudável e bem nutrido. Depois da matança, esquarteja-se o bicho, separando os nacos nobres (que se utilizarão noutros pratos) daqueles que vamos utilizar no sarapatel: as partes mais gordas da barriga, as costelas, a fressura, o fígado, o coração, além, naturalmente, do sangue.
 

O sangue é cozido à parte (com um pouco de sal) e reserva-se. Depois (ou ao mesmo tempo) faz-se, num tacho grande, um refogado tradicional com azeite, sal, cebola, alho, louro, colorau, salsa, picante e um copinho de vinho branco. Os ingredientes aqui mencionados entram no preparado em proporções que até a mais inábil cozinheira conhece.
Quando compadres e minhas comadres, tudo isto começa a aloirar, adiciona-se a carne, mais as vísceras seleccionadas, além do sangue cozido esfarelafo. Rectifica-se de sal. Deixa-se cozer –em lume brando- o tempo necessário, juntando água (tépida, de preferência) em quantidade razoável e prova-se; até que, finalmente, o cheiro e sabor nos indique que o divinal caldo (mais a carne que lhe dá consistência) está pronto para regar as fatias de pão que, entretanto, havíamos cortado e colocado numa travessa de tamanho adequado. Enfeita-se com raminhos de hortelã.
O sarapatel, pois se pedindo a vossemecês compadres e minhas comadres, pois se pedindo, deverá ser sempre acompanhado, preferencialmente, com vinho tinto da região alentejana, que, como todos sabeis, é mesmo muita bom.
Fonte: Manuel Monteiro da Silva