sexta-feira, 22 de maio de 2015

Bom Dia Alentejo, as lagariças de Castelo de Vide, a terra da vinha que do vide e do vinho

A secção de Arqueologia da Câmara Municipal de Castelo de Vide, ela reconheceu mais 2 lagariças cavadas na rocha em território abrangido pela freguesia de Santa Maria da Devesa.
Estas estruturas, talhadas em afloramentos graníticos, estão presentes nos prédios rústicos do Roque Martão e da Maria Triga.
Com estas duas, assim se dirá a compadres e que minhas comadres, eleva-se para 20 o número de lagariças conhecidas no concelho de Castelo de Vide. Dando o seguimento, cinco são conhecidas na freguesia de Nossa Senhora da Graça de Póvoa e Meadas; uma em Santiago Maior; seis em São João Baptista, e para terminar, oito assim na Santa Maria da Devesa. 
As lagaretas – como também são apelidadas – seriam utilizadas para a pisa de uva, e pensa-se compadres e minhas comadres, terão sido talhadas no início da época medieval.

Estes lagares, são construídos em afloramentos graníticos, (uns rasos e outros possuindo uma altura de 1m do solo) e conservaram-se até aos nossos dias atendendo à “base” material. Geralmente, possuem uma pia pouco profunda (com forma ovóide, arredondada, quadrada ou rectangular) onde se pisa a uva. O mosto daí resultante, era depois canalizado, por via natural para o orifício onde escorria para um receptáculo mais pequeno e numa cota inferior ou directamente para um vasilhame. 
As uvas nestes lagares prensavam-se, após o corte, eram logo transportadas, muito provavelmente, em cestos de vime, para estes locais onde se procederia à sua pisa com os pés. Existem, também, os lagares de varas que permitiam uma prensagem mecânica muito mais eficaz que o recurso. 
Aventura-se, pelos dados que possuídos, a admitir que este tipo de estruturas terão sido construídas, em grande parte, no Período Alto-Medieval, o que remete para a existência de uma actividade produtiva e transformadora com peso na economia local da época. No entanto, sabe-se da produção de vinho nesta região desde o Período Romano. Estão quase sempre associadas a necrópoles e zonas de povoamento medievais, indiciando um trabalho transformativo do produto no local onde o mesmo é produzido. 
Castelo de Vide, terra de vinhas, vides e vinho…
Fonte: © Susana Serra/NCV, http://noticiasdecastelodevide.blogspot.pt/