A secção de Arqueologia da Câmara Municipal de Castelo de Vide, ela
reconheceu mais 2 lagariças cavadas na rocha em território abrangido pela
freguesia de Santa Maria da Devesa.
Estas estruturas, talhadas em afloramentos graníticos, estão presentes nos prédios rústicos do Roque Martão e da Maria Triga.
Estas estruturas, talhadas em afloramentos graníticos, estão presentes nos prédios rústicos do Roque Martão e da Maria Triga.
Com estas duas, assim se dirá a compadres e que minhas comadres, eleva-se
para 20 o número de lagariças conhecidas no concelho de Castelo de Vide. Dando o
seguimento, cinco são conhecidas na freguesia de Nossa Senhora da Graça de
Póvoa e Meadas; uma em Santiago Maior; seis em São João Baptista, e para
terminar, oito assim na Santa Maria da Devesa.
As lagaretas – como também são apelidadas – seriam utilizadas para a pisa
de uva, e pensa-se compadres e minhas comadres, terão sido talhadas no início
da época medieval.
Estes lagares, são construídos em afloramentos
graníticos, (uns rasos e outros possuindo uma altura de 1m do solo) e conservaram-se
até aos nossos dias atendendo à “base” material. Geralmente, possuem uma pia
pouco profunda (com forma ovóide, arredondada, quadrada ou rectangular) onde se
pisa a uva. O mosto daí resultante, era depois canalizado, por via natural para
o orifício onde escorria para um receptáculo mais pequeno e numa cota inferior
ou directamente para um vasilhame.
As uvas nestes lagares prensavam-se, após o corte, eram logo
transportadas, muito provavelmente, em cestos de vime, para estes locais onde
se procederia à sua pisa com os pés. Existem, também, os lagares de varas que
permitiam uma prensagem mecânica muito mais eficaz que o recurso.
Aventura-se, pelos dados que possuídos, a admitir que este tipo de
estruturas terão sido construídas, em grande parte, no Período Alto-Medieval, o
que remete para a existência de uma actividade produtiva e transformadora com
peso na economia local da época. No entanto, sabe-se da produção de vinho nesta
região desde o Período Romano. Estão quase sempre associadas a necrópoles e
zonas de povoamento medievais, indiciando um trabalho transformativo do produto
no local onde o mesmo é produzido.
Castelo de Vide, terra de vinhas, vides e vinho…
Fonte: © Susana Serra/NCV, http://noticiasdecastelodevide.blogspot.pt/