O meu prezado amigo Dr. Joaquim António Calado Lopes,
natural de Vaiamonte, professor efectivo do 9.º grupo do liceu de Oeiras,
comunicou-me, em tempos, a respeito da sua terra o seguinte:
Sobre o nome posso dizer-te que ainda não há muito
tempo se escrevia VAI-A- Monte e a
terra era chamada SANTO ANTÓNIO DE
VAI-A-MONTE.
A tradição oral da origem de VAIAMONTE merece-me poucos créditos.
Acredita-se que num outeiro próximo estivesse
edificado uma povoação moura (sempre os mouros!) e que os seus habitantes
diziam: vai ao monte, e este monte
teria o significado do “monte alentejano”
– casa do lavrador da herdade.
As falhas desta tradição metem-se pelos olhos.
Na verdade, existiu a tal povoação no outeiro próximo –
mas é muito mais antiga que os mouros. Foi certamente ocupada pelos romanos; já
tive em meu poder uma moeda romana de prata, encontrada lá e dizem-me que
outras lá têm sido encontradas.
Uma estrada romana a poria em ligação com Monforte e Cabeço de Vide de que existem ainda vestígios, pelo menos duas
pontes, uma à entrada de Monforte,
outra próximo de Cabeço de Vide.
Esta região foi antigamente muito habitada.
É frequente aparecerem sepulturas que, segundo me
disse um professor um professor do Liceu de Portalegre, serem antigas.
Quando meu pai plantou um olival, apareceram algumas;
uma caixa rectangular formada de lajes e com um pequeno pote de barro,
semelhante às panelas de barro dos nossos dias.
Há também nas proximidades um local onde ainda estão
de pé algumas pedras de antas.
Segundo li num número do antigo “Jornal da Situação” de Portalegre, dedicado ao concelho de Monforte, ao tempo em que era Presidente
da Câmara Municipal, o Sr. Cláudio de Moura, hoje falecido, VAIAMONTE vinha dos tempos de D. Sancho.
Não sei onde conseguiram estes informes, é até possível que sejam gratuitos.
Na secção – Português para todos – da autoria do
conhecido filólogo Xavier Fernandes – inserta no “Jornal de Notícias” do Porto, de 29 de Novembro de 1949, lê-se o
seguinte:
(…)
Sobre VAIAMONTE duas hipóteses já encontramos algures:
1.º O nome formou-se de vaia, troça, zombaria, e o conhecido subjectivo monte.
2.º O nome resultou da justaposição dos elementos da
expressão vai a monte (vai, do verbo ir
e, a, preposição).
Registamos aqui estas duas hipóteses a simples título
de curiosidade, pois nenhuma delas oferece boas probabilidades de corresponder
à verdadeira e, sobretudo, a primeira, que parece não valer um caracol, como
costuma dizer o povo.