FRACA JUSTIÇA DE AVIS – a propósito
deste apodo, - mês compadres e que minhas comadres – contam – campónios em
ditosa terra alentejana - a seguinte historieta: Há muito tempo, ouve em Avis
dois operários, um carpinteiro e um sapateiro, amigos inseparáveis, muito bons
homenzinhos.
O sapateiro – sabeis assim
amigos meus do mundo – era quase analfabeto e o carpinteiro tinha umas luzes. –
Assim, que eu estou a dizer a vossemecês – por ocasião de dificuldades em
arranjar Presidente da Câmara, foi nomeado para tal cargo o amigo carpinteiro
precisamente quando o juiz, que numa altura havia em Avis, estava de licença e
era o Presidente da Câmara que por lei o devia substituir.
Entre os casos que o
nosso amigo carpinteiro teve de julgar, sucedeu ser um do amigo sapateiro e
teve de condená-lo em boa pena. Ao fazê-lo, tomou o pau inerente do cargo que
desempenhava e perguntou sobranceiramente:
“O réu tem alguma coisa a alegar em sua defesa?” – Este respondeu-lhe – “Esteve V. Exa., senhor Doutor Juiz, tanto tempo “aplainar” a sua
consciência para dizer tal sentença!”
Foto:
Paulo Moreira, http://retratosdeportugal.blogspot.pt/search/label/Avis
Antigamente –
compadres meus e minhas comadres – para aquém do Tejo, a região estava dividida
em quatro circunscrições judiciais, sendo a de S. Bento de Avis, uma das maiores, que ia desde Coruche até Elvas. Por essa razão, muitas vezes os casos eram julgados muito à
priori acarretando com isso muitos erros judiciários, razão por que empregam a
frase Fraca JUSTIÇA DE… conforme a
circunscrição a que pertenciam.
Esta informação –
assim continua amigos meus do mundo, o compadre Alexandre de Carvalho Costa,
aqui das terras de Alagoa no norte alentejano – foi-me amavelmente prestada
pelo meu amigo António Fialho Sequeira Bugalho, residente na freguesia do
Ervedal, concelho de Avis, aqui há
uns bons trinta anos, deixando aqui publicamente, os meus sinceros
agradecimentos.
- Assim e depois para
terminar mes compadres e que minhas compadres, o referido -, também apodam-se
os de Avis de CÃES e costumam proferir – AVIS
É TERRA QUE DEUS NÃO QUIS – e eu como o ele o digo – isto apenas por causa
da rima e não por outra coisa – estou certo disso.
Fonte:
Alexandre de Carvalho Costa, Apodos Tópicos Alentejanos, Revista Cidade, Portalegre